quarta-feira, 22 de outubro de 2014

UM HOMEM CHAMADO TRANQUILO

Era uma vez um homem chamado Tranquilo. Nasceu de uma gravidez tranquila, desejada e no meio de uma família tranquila como poucas.
Entrou tranquilamente na escola e, com alguma tranquilidade, finalizou a sua formação. Durante a juventude o Tranquilo envolveu-se, sempre serenamente é claro, nas actividades típicas da sua idade.
Conheceu uma rapariga chamada Calma com quem constituiu uma família tranquila, como a sua.
A sua vida continuou um paradigma de tranquilidade, no emprego, sem sobressaltos, cumpria o que dele se esperava, sendo, por isso, suficientemente remunerado para viver sem sobressaltos. Sempre encontrava tempo para, tranquilamente, estar com os filhos, amigos e para actividades que não dispensava, como ler ou ouvir música.
O Tranquilo entrou na velhice com a serenidade de sempre, ao lado da companheira Calma junto de quem vivia, calmamente, cada hora de cada dia, espreitando o mundo que se agitava do lado de fora deles. Era também com enorme serenidade que contava histórias aos netos que ficavam a ouvi-las sem agitação.
Um dia, de mansinho, tranquilamente, o Tranquilo abalou.
Algumas das pessoas que com ele se cruzaram nas esquinas da vida disseram, “Este tipo sempre foi um acomodado, um fracassado”.
Onde quer que seja que o Tranquilo estivesse, ouviu-as e sorriu.
Serenamente.

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