sábado, 25 de outubro de 2014

UM DISCURSO PATÉTICO E PREGUIÇOSO

"Passos acusa comentadores e jornalistas de serem “patéticos” e “preguiçosos”"

O Primeiro-ministro foi às Jornadas Parlamentares da maioria PSD/CDS fazer um discurso em defesa do Orçamento Geral do Estado para 2015. Entendeu por bem atacar toda a gente, sobretudo comentadores e jornalistas, os opinion makers claro, apelidando-os de "preguiçosos" e "patéticos", 
Lamento, mas a intervenção de Passos Coelho é que me pareceu francamente preguiçosa e patética. Vejamos.
Um discurso de Passos Coelho para as bancadas parlamentares do PSD e CDS é, por assim dizer, um discurso fácil. É um público que, salvo raras excepções, oiça o que ouvir, aplaudirá até que as mãos lhe doam. O aplauso e a emoção evidenciada poderão contribuir para manter o lugarzinho de deputado que não será fácil, quer pela concorrência, quer pela redução de lugares que parece desenhar-se.
Sendo um público pouco exigente, Passos Coelho não precisa de se esforçar muito. Basta-lhe, preguiçosamente, continuar a repetir a sua visão do paraíso, de como tudo o que foi feito ter sido muito bem feito e sem alternativa. Assume mesmo uma esforçada humildade, cai bem, reconhecendo alguns "desconfortos", a coisa na educação e na justiça complicou-se um bocadinho mas, como disse a Ministra Teixeira da Cruz, serão conspirações do inimigo. Como a imprensa divulgou o aplauso foi enorme. Estou até convencido de que se Passos Coelho estivesse calado, seria igualmente aplaudido.
Foi também um discurso patético. A fórmula, nós estamos certos e todos os outros estão errados, a diabolização da opinião contrária, sobretudo da imprensa, é um clássico mas é poucochinha. É da mesma natureza que afirmar "que é assim porque nós dizemos que é assim", a realidade pode dizer outra coisa mas a realidade está enganada, "a realidade é aqui que nós decidimos que seja a realidade". Convenhamos que esta visão é patética e até preocupante pela lucidez ausente e pela pobreza das análises.
Enfim, nada de novo. Toda a gente gostou, aplaudiu e ficou feliz.
Pateticamente como é habitual na liturgia partidária.

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