domingo, 31 de agosto de 2025

A PRIMEIRA ÁGUA

 No final da manhã, ainda que por pouco tempo, caiu a primeira água de final do Verão aqui no meu Alentejo.

Ainda assim foi o suficiente para libertar o perfume da terra que sempre me lembra Mestre Almada Negreiros na Invenção do Dia Claro, “Depois, o cheiro da terra molhada é que me faz de novo animar.”. É retemperador depois da secura e a terra..

A primeira água anuncia outro ciclo, outra vida, outro verde, outra terra, outro frio lá mais para a frente. Esperemos para ver como será o ano.

Era bom que este recomeço trouxesse algo de novo, mas, lamentavelmente, o meu optimismo anda revisto em baixa.

Tudo parece estar velho e tudo o que nasce, vem velho e assusta.

Lamentavelmente, os dias já começam velhos, velhos como os que neles actuam, velhos como as promessas ou as falas que neles se ouvem, velhos como a desconfiança e a indiferença que nos pesam e a desesperança que nos inquieta.

Pensando nos meus netos e em todos os netos do mundo, precisamos de outros dias, animados com o cheiro da terra molhada.

Dias com futuro, como a chegada da chuva assinala.

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