No final da manhã, ainda que por pouco tempo, caiu a primeira água de final do Verão aqui no meu Alentejo.
Ainda assim foi o suficiente para
libertar o perfume da terra que sempre me lembra Mestre Almada Negreiros na
Invenção do Dia Claro, “Depois, o cheiro da terra molhada é que me faz de novo
animar.”. É retemperador depois da secura e a terra..
A primeira água anuncia outro
ciclo, outra vida, outro verde, outra terra, outro frio lá mais para a frente.
Esperemos para ver como será o ano.
Era bom que este recomeço
trouxesse algo de novo, mas, lamentavelmente, o meu optimismo anda revisto em
baixa.
Tudo parece estar velho e tudo o
que nasce, vem velho e assusta.
Lamentavelmente, os dias já
começam velhos, velhos como os que neles actuam, velhos como as promessas ou as
falas que neles se ouvem, velhos como a desconfiança e a indiferença que nos
pesam e a desesperança que nos inquieta.
Pensando nos meus netos e em
todos os netos do mundo, precisamos de outros dias, animados com o cheiro da
terra molhada.
Dias com futuro, como a chegada da
chuva assinala.
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