Foi divulgada a informação relativa às colocações dos estudantes candidatos ao superior. Para hoje umas notas dirigidas aos alunos colocados. Candidataram-se nesta 1.ª fase 48718 alunos, ficaram colocados 43 899, 63% conseguiram entrar no curso que escolheram em primeiro lugar e mais de 90% ficaram colocados numa das suas três primeiras opções.
Para estes alunos vai iniciar-se
um percurso que, certamente, sustentará um projecto de vida bem-sucedido, mas
não isento de dificuldades e obstáculos.
A colocação e as escolhas de
curso assentam, naturalmente, nas motivações dos candidatos e das suas
expectativas face ao futuro e nos constrangimentos e enviesamentos da oferta.
Para os alunos não colocados nas primeiras escolhas teremos um risco acrescido
de frustração que pode levar à desistência e desmotivação, esperemos que corra
bem.
Umas notas breves em linha com o
que aqui já tenho escrito.
Sou dos que entendem que cada um
de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua
narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é
preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo
ainda a volatilidade e rapidez com que neste tempo a vida acontece.
Assim, parece-me importante que
um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar nas
actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha
assente na sua motivação ou no projecto de vida que gostava de viver e, então,
informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade.
Por outro lado, é esta questão
que quero sublinhar, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em
situações de maior constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto
fulcral e não pode, não deve, ser esquecido.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo uma atitude pouco "profissional",
cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. Têm sido mediatizados casos
que elucidam este entendimento, a formação significa a aquisição de um sólido
conjunto de saberes e competências, não é um título que se cola ao nome. A
experiência faz-me contactar regularmente com atitudes desta natureza.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho. Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Assim sendo, importa que o
investimento, a preocupação com a aprendizagem e a aquisição de conhecimentos,
competências e de princípios éticos e deontológicos se estabeleçam como
desígnio. Com o avanço extraordinário das tecnologias digitais, sobretudo o
universo da IA, as questões de natureza ética e deontológica ganham uma
dimensão crítica.
Este entendimento pode e deve
coexistir com o desenvolvimento de uma vida académica socialmente rica,
divertida e fonte de bem-estar e satisfação. É desejável resistir à tentação do
facilitismo, do passar não importa como, da fraude académica que constitui
actualmente uma séria preocupação, da competição desenfreada que inibem
partilha, cooperação e apoio para momentos menos bons.
O futuro vai começar dentro de
momentos.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
Amanhã voltaremos aos resultados
das candidaturas e algumas questões que me parecem merecer reflexão.
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