terça-feira, 3 de outubro de 2023

O RISCO DA "DESPROFISSIONALIZAÇÃO"

 Começam a ser conhecidas algumas ideias sobre ajustamentos no acesso, organização e modelos de formação de professores. Estou naturalmente curioso sobre as decisões que serão tomadas sendo que alguns aspectos me parecem positivos, retomar estágios remunerados, por exemplo, mas algumas reservas ou inquietações mantêm-se.

Continuo com algumas dúvidas relativamente ao risco da “desprofissionalização” ou “deskilling” que me parece real o que poderá significar uma concepção “empobrecida”, diria “embaratecida” da docência e das exigências de formação para a função.

Parece-me também de reforçar que só mudanças integradas e não quase que exclusivamente na formação podem sustentar a atractividade, a estabilidade e, naturalmente, a qualidade da profissão docente.

Matérias como modelo de carreira, modelo de avaliação e progressão, a valorização do estatuto salarial dos docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a desburocratização do trabalho dos professores, são algumas dimensões a exigir alterações sérias.

Por outro lado, apesar de começar a emergir algum sentido de prudência, temo que o caminho deslumbrado pela desmaterialização possa chegar também à “ensinagem” e se traduza na tentação de substituir os professores por uma qualquer espécie de Siri(s) composta(s) iluminadas por algoritmos.

Como há pouco escrevia, quanto aos alunos, bom, a esses parece impossível desmaterializá-los. Para já.

Estamos e vamos certamente continuar perante uma realidade que se pode chamar de desafiante.

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