No calendário das consciências assinala-se hoje o Dia Mundial da Saúde Mental. Vários trabalhos na imprensa abordam a questão o que, relativamente ao que se passava há alguns anos, representa uma diferença significativa de tratamento e importância atribuída apesar do muito que ainda precisamos de caminhar pela saúde mental e bem-estar das pessoas, grandes e pequenas.
Lê-se no DN e com base em dados
da UE, que Portugal é o 2.º país com mais casos psiquiátricos e o 5.º com mais
depressões na União Europeia. Estes indicadores estão em linha com diferentes
estudos que registam um aumento de casos na área da saúde mental afectando
todas as idades.
De acordo com o Infarmed, nos
primeiros seis meses de 2022 venderam-se 10.871.282 de embalagens de
ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e antidepressivos, cerca de 60000 por dia,
um acréscimo de 4,1% face a 2021 traduzindo-se num encargo de 32,5 milhões de euros
para o SNS.
A estes dados faltará do volume
de situações de mal-estar não abordadas através dos fármacos, as não tratadas e
o contributo da automedicação apesar da exigência de prescrição médica para
este consumo. Este quadro levará a que o número de consumidores seja superior
às prescrições e número global de situações de mal-estar seja bem superior aos
indicadores de consumo.
Ainda não há muito tempo aqui
referi um estudo divulgado em 2021 realizado pelo investigador na área da
economia da saúde da Nova SBE, Pedro Pita Barros, “Acesso a cuidados de saúde -
As escolhas dos cidadãos 2020, em que se referia que 10% dos portugueses não
vão ao médico quando sentem algum mal-estar e que desta população, 63% recorre
à automedicação.
Um estudo coordenado pela Escola
Superior de Enfermagem de Coimbra durante o ano lectivo 21/22 envolvendo 5.440
jovens, com uma idade média de 14 anos e de mais de 150 escolas do Continente e
Madeira encontrou sintomas de depressão em 42% dos adolescentes. Este este
aumento está em linha com outros estudos, nacionais e internacionais.
Miguel Xavier, coordenador
nacional das políticas da Saúde Mental, afirmava em entrevista que “Os
problemas de Saúde Mental previnem-se antes de aparecerem. Através de bons
programas de parentalidade, bons programas sociais, como os programas de apoio
às populações vulneráveis”, o que envolve a necessidade de políticas
integradas, mas também sublinha a importância dos recursos adequados.
Esperemos que assim seja, a saúde
mental tem sido o parente pobre das políticas públicas de saúde.
Existe muita gente a passar mal,
pode ser na casa ao lado.
No entanto, como agora se diz,
somos resilientes e queremos viver, seremos capazes de continuar.
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