quinta-feira, 26 de outubro de 2023

NA TERRA DOS TROCA-TINTAS

 A peça do Público dedicada à incongruência entre dados das avaliações internas, notas atribuídas e taxas de retenção e dados das avaliações externas, estudos do IAVE e provas de aferição, que já aqui abordei, e os sucessivos discursos da tutela e as práticas de desenvolvidas nas escolas sob “orientação” sobre a questão da avaliação é notável. Creio que tem um carácter profundamente didáctico, mostra com clareza o que não deve acontecer em políticas públicas de educação e não acrescento nada ao que escrevi há alguns dias, “Realidades múltiplas”.

A peça também me fez lembrar a minha a avó Leonor, uma das mulheres mais extraordinárias que conheci, com a mais-valia de ser minha.

Nos meus tempos de gaiato e quando caíamos em alguma asneira actuação desastrada e tentávamos as esfarrapadas desculpas que a imaginação, ou a falta dela, ditavam ou ainda, quando as pequenas ou grandes mentiras não saíam bem, tentava compor um ar severo, desmentido por uns olhos claros infinitamente doces, e dizia, “não sejam troca-tintas”.

Não me lembro se alguma vez lhe perguntei se sabia a origem da expressão, mas nestes tempos que vamos vivendo, com boa parte desta gente que de há décadas vai ocupando as lideranças sociais, políticas e económicas, recordei a avó Leonor e os troca-tintas.

Terra de troca-tintas.

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