Os tempos que atravessamos evidenciam, entre muitíssimos outros aspectos, o papel que a imagem e, mais globalmente, a comunicação assumem em todas as áreas do nosso funcionamento e também, como é obvio, na acção política. Diria até, que actualmente parte importante da acção política assenta na comunicação e na imagem. Não existe serviço, entidade ou grupo de interesses que não tenha o seu gabinete ou canal de imagem e comunicação e respectivos operacionais.
Não tenho qualquer reserva contra
a importância atribuída à comunicação e imagem, negá-la seria tapar o Sol com
uma peneira. Sabemos todos que o suporte, o contexto e a natureza da comunicação
podem transformar uma má ideia em boa ideia, se for bem "vendida", e
uma boa ideia pode transformar-se em má ideia, se for mal "vendida".
O que me deixa mais embaraçado e
inquieto é a frequência com que assistimos por parte dos actores políticos, sociais,
económicos, culturais, ou do próprio universo da comunicação e imagem, ao
despudor e à manipulação de factos, ideias ou sentimentos no sentido de
venderem aquilo que em cada momento possa servir os seus interesses
particulares.
Se considerarmos a comunicação em
televisão ou na imprensa escrita incluindo o suporte digital, é muito evidente
a forma como através da publicidade, mascarada de "opinião" ou mais
grave ainda apresentada como "saber", se procura "vender"
ao "consumidor" um qualquer produto (ideia, opinião, poder, etc.) que
se queira promover.
Este cenário é certamente um dos
contributos para a falta de confiança nos políticos e noutros decisores que os
cidadãos revelam, em estudos de imagem, é claro.
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