quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

CARTA AO ANO NOVO

Meu caro Ano Novo,

Em primeiro lugar, é com a maior satisfação que te dou as boas vindas. Como sabes, o prazo de validade do Ano Velho tinha terminado e, por isso, precisávamos desesperadamente de um substituto. Não te conheço e portanto não sei exactamente a experiência que possuis. Em todo o caso, parece-me útil que possas conhecer um pouco da realidade que te espera, pelo menos aqui em Portugal, para que te possas organizar no sentido de fazeres o melhor possível.
Logo de início, é bom que saibas que, devido à situação económica muito complicada que atravessamos, as expectativas sobre ti são, lamento dizê-lo, fracas, muito fracas.
Em termos genéricos posso dizer-te que, de acordo com os estudos, somos um povo triste, desconfiado e sem grande esperança no futuro, animador como vês. No entanto, para compensar, gostamos de parecer uns “gajos porreiros” e bem-dispostos.
Temos um governo que, tal como qualquer outro que temos tido, acha que faz tudo bem e é incompreendido por toda a gente e temos uma oposição que acha que o governo faz tudo mal, mas não percebemos muito bem o que faria se fosse governo. Existe por aí um problema sério entre o Ministério da Educação e os professores sobre uma coisa chamada Modelo que terás certamente tempo para perceber. Não te deves esquecer que durante o teu mandato vamos ter eleições embora, provavelmente, o quadro não se altere significativamente.
Adoramos auto-estradas, rotundas, centros comerciais e estádios de futebol. Temos três pessoas que se acham os melhores do mundo mas duas emigraram, o Cristiano Ronaldo e o José Mourinho e o terceiro anda por aí, chama-se Santana Lopes. Estamos a atravessar um choque tecnológico e até inventámos um computador portátil chamado Magalhães.
Meu caro Ano Novo, também deves saber que temos dois génios que advinham o futuro, um conhecido por Professor e chamado Marcelo e o outro, mais modesto, apenas sabe de tudo, conhecido por Pacheco Pereira. Vais ter dificuldade em surpreendê-los.
No entanto, se estiveres atento, vais perceber que somos um país de poetas que, como sabes, são uns fingidores. Por isso, deves ter reparado que à tua chegada encontraste o povo aos pulos e com ar de contente, apesar da situação que te descrevi sinteticamente.
Renovo os votos de boas vindas e de bom trabalho. Se precisares de alguma coisa, estás à vontade.
Um abraço

1 comentário:

Anónimo disse...

Companheiro está espectacular. Só discordo nos "melhores". Faltou-te um. Fp Socrates. E para nosso azar não anda por aí. Está lá. Abraço