quinta-feira, 5 de junho de 2008

EU SOU ...

Era uma vez um Rapaz. Nasceu numa família que gostava tanto dele, era tão preocupada e tão atenta que, desde início, sabia sempre o que ele precisava, quando precisava e decidia o que o Rapaz devia fazer, ou não, quando fazer e como fazer. Ele foi-se habituando a viver assim. Não era necessário pedir algo ou mostrar vontade de aceder a alguma coisa, que a família não antecipasse e determinasse desejos e, ou, necessidades.
Ao entrar na escola, deparou-se com professores tão atentos e preocupados como os pais. Tudo lhe era providenciado sem necessidade de pedir ou desejar. Todos os professores, todos os adultos, de tão atentos e preocupados que eram, sabiam sempre o que dizer, fazer ou definir o que o Rapaz, também ele, deveria pensar, saber, gostar, fazer, etc.
Um dia, já adolescente, viu uma Rapariga muito bonita e quis aproximar-se dela.
Ficou perplexo e atrapalhado, não sabia dizer quem era.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem é assíduo ouvinte dos discursos políticos na assembleia da República tem deparado últimamente com citações de obras de alguns poetas portugueses tais como, Eugénio de Andrade ou Miguel Torga.Acho bem! Desperta o povo para a cultura Portuguesa.

Para dar a minha contribuição, aqui vai um poema de Florbela Espanca, que talvez vá de encontro ao espírito da sua história.

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem
ou apenas cenário!Um vaivém

Como a sorte: hoja aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem sou!...

Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
uma chaga sangrenta do senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um, sou mais um pecador...

Peço desculpa por esta ousadia e agradeço vossa paciência.

Saudações