Nos últimos tempos têm-se avolumado na comunicação social os relatos de episódios de violência dirigida a professores, quer da parte de alunos, por vezes bem novos, quer de pais e, espanto, avós. Nas mais das vezes e para além da óbvia condenação, emergem referências à falta de autoridade dos professores, à degradação da sua imagem social, à falta de qualidade da educação familiar, etc. Naturalmente que estas questões merecem atenção e análise, isoladamente ou em conjunto, mas não é esse o objectivo desta nota. Pretendo reflectir sobre a mudança que se vem processando na percepção de autoridade, na percepção das figuras socialmente investidas de autoridade e na percepção dos atributos dessas figuras. Esta apreciação, ainda que partindo do caso dos professores, tem um âmbito bem mais alargado pois também sabemos que têm vindo a aumentar significativamente os casos de agressão (de diferentes tipos) a agentes policiais, médicos e outros técnicos de saúde, a funcionários de serviços públicos, etc.
Se bem repararmos, qualquer destes grupos, considerando a sua função social, sempre foram (e são) percebidos, por razões diferentes, como figuras com autoridade. E é esta percepção que está em mudança. De facto, estas figuras eram percebidas com um conjunto de atributos que, só por si, inibiam comportamentos mais agressivos a si dirigidos. Esta percepção traduzia-se na velha e conservadora expressão popular “só a farda, mete respeito”. Actualmente, e de forma repetida, o facto de se ser professor, agente, médico ou funcionário, etc. já não parece suficiente para que, numa qualquer situação mais tensa, se evite ser vítima de comportamentos agressivos, ou seja, o efeito regulador dos atributos, esbate-se pois estes não são percebidos da mesma forma. Em minha opinião, isto representa uma mudança muito significativa, que coloca problemas novos e para os quais as velhas e imediatas “soluções” como reforço da autoridade (o que será que isto quer dizer?) parecem estar condenadas ao fracasso pois, em sociedades abertas e democráticas, a autoridade percebida em qualquer função decorre, não só dos atributos de que essa função está investida, mas, sobretudo, da competência no seu exercício e da regulação ética, cívica e moral que conseguirmos imprimir nos nossos processos de educação e formação. É este o grande desafio que enfrentamos.
Se bem repararmos, qualquer destes grupos, considerando a sua função social, sempre foram (e são) percebidos, por razões diferentes, como figuras com autoridade. E é esta percepção que está em mudança. De facto, estas figuras eram percebidas com um conjunto de atributos que, só por si, inibiam comportamentos mais agressivos a si dirigidos. Esta percepção traduzia-se na velha e conservadora expressão popular “só a farda, mete respeito”. Actualmente, e de forma repetida, o facto de se ser professor, agente, médico ou funcionário, etc. já não parece suficiente para que, numa qualquer situação mais tensa, se evite ser vítima de comportamentos agressivos, ou seja, o efeito regulador dos atributos, esbate-se pois estes não são percebidos da mesma forma. Em minha opinião, isto representa uma mudança muito significativa, que coloca problemas novos e para os quais as velhas e imediatas “soluções” como reforço da autoridade (o que será que isto quer dizer?) parecem estar condenadas ao fracasso pois, em sociedades abertas e democráticas, a autoridade percebida em qualquer função decorre, não só dos atributos de que essa função está investida, mas, sobretudo, da competência no seu exercício e da regulação ética, cívica e moral que conseguirmos imprimir nos nossos processos de educação e formação. É este o grande desafio que enfrentamos.
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