sábado, 5 de março de 2016

DA CONFIANÇA

O Público comemora hoje 26 anos e apresenta uma edição dirigida por Nelson Évora sobre o tema da confiança que é, aliás, abordado de diferentes perspectivas e em diferentes áreas, incluindo a da educação.
Influenciado por esta ideia decidi-me por umas notas soltas, sem hierarquia de importância, em torno desta questão, a confiança, mas mantendo-me dento do universo da educação.
Era desejável que o Ministério da Educação assumisse definitivamente confiança nos professores e nas escolas e traduzisse essa confiança na definição de um quadro de  autonomia real para o trabalho nas escolas.
Parece-me também importante que se construísse finalmente de forma participada e competente um verdadeiro sistema de avaliação dos docentes que reforçasse a confiança imprescindível no seu trabalho.
É imprescindível que confiemos na educação e ensino público. Por isso devem ser objecto de investimento e valorização.
Até à existência de evidências que o desmintam é fundamental que a escola confie nos pais e que os pais confiem na escola.
Agora alguns aspectos de natureza mais personalizada em que a confiança desempenha também um papel decisivo.
É importante que tenhamos confiança e a expressemos nas capacidades, competências e qualidades dos nossos filhos. Eles sentem essa confiança e é um factor positivo para o seu funcionamento.
Da mesma forma é fundamental, a experiência e muitos estudos sustentam este entendimento, que os professores confiem e expressem essa confiança nas capacidades dos alunos para serem bem-sucedidos. Muitos alunos têm trajectos de insucesso ou dificuldade por questões desta natureza.
No mesmo sentido, é fundamental que a comunidade, pais, professores, técnicos e colegas confiem nas capacidades e competências que todos os alunos com necessidades educativas especiais também possuem e que as expressem e traduzam no trabalho desenvolvido. Só desta forma se podem promover verdadeiros ambientes educativos que suportem a inclusão, ou seja, que todos alunos se sintam reconhecidos, que estejam nos mesmos contextos que todos os outros, que participem nas actividades comuns e que se sintam e sejam percebidos como pertencentes à sua comunidade educativa. Evitaríamos situações insustentáveis como guetização espacial ou curricular, actividades debilizadoras e inadequadas, crescer sem progredir, etc., etc. 
É claro que várias outras reflexões se poderiam acrescentar mas fiquemos por aqui.
De facto, como sabemos, das relações pessoais, passando pelas relações profissionais até às relações com as instituições a confiança é algo de imprescindível.
Precisamos mesmo de sentir mais confiança.

PS - Os 26 anos do Público coincidem, dia a dia, com os meus 26 anos de leitor. Parabéns Público.

2 comentários:

Margarida Belchior disse...

Um desafio bem interessante, este que fazes. Penso sempre que tenho que começar por mim própria e perceber em quem confio ou não confio - e quais as razões que aí me conduziram.
Abrs e bom fim de semana.

Zé Morgado disse...

Pois é Margarida, vivemos tempos de pouca confiança. Um abraço