domingo, 9 de agosto de 2015

OS TRANSPARENTES

No Público divulga-se a iniciativa de um grupo de pessoas já passaram pela experiência de viver na rua que pretende organizar uma manifestação “contra a invisibilidade” de quem está sem abrigo.
Os promotores pretendem realizar a manifestação no dia de arranque da campanha eleitoral, 19 de Setembro, e contar com a participação de gente da música que amplifique a atenção ao evento.
Esta gente que caiu e vai caindo na rua e ainda não teve tempo de se entusiasmar com a viragem e o fim da crise mostra de forma muito evidente as suas características de resistência e os limites, o melhor povo do mundo é assim, dando suporte ao modelo de Fernando Ulrich e tornando-se alguns dos mais bem preparados cidadãos para os tempos que atravessamos, vivem do nada.
Na verdade têm nada, aguentam tudo e só são notícia quando chegam as vagas de frio ou quando aparecem gratos e contentes naqueles jantares oferecidos no Natal que quase sempre compõem indecorosos espectáculos mediáticos.
Continuam os tempos de chumbo, os tempos da indignidade.
Também me parece que muitos de nós, assumo a minha parte, não temos consciência das dificuldades e os estilos de vida de parte significativa da nossa população. São aqueles a que costumo chamar os transparentes. Não os vemos, mesmo quando nos cruzamos com eles o nosso olhar passa através das pessoas, sem se deter e perceber quem habita naquele corpo e como vive.
Assim é melhor, dormimos mais tranquilos.

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