segunda-feira, 17 de agosto de 2015

DA PROLETARIZAÇÃO DA ECONOMIA

A economia portuguesa está mais competitiva desde a chegada da troika, mas em grande parte à custa da desvalorização salarial. Hoje, um em cada cinco trabalhadores (19,6%) ganha o salário mínimo nacional de 505 euros por mês. Em 2011, antes das medidas de ajustamento impostas pelos credores, apenas 11,3% recebiam a remuneração base, então de 485 euros. É um aumento de 73,6%, segundo os números do Ministério da Economia.

Na verdade, boa parte dos vencimentos em empregos mais recentes, mesmo com gente qualificada, não são um vencimento, são um subsídio de sobrevivência. É justamente a luta pela sobrevivência que deixa muita gente, sobretudo jovens sem subsídio de desemprego e à entrada no mundo do trabalho sem margem negocial, altamente fragilizada e vulnerável, que entre o nada e a migalha "escolhe amigavelmente" a "migalha", ou mesmo uma remota hipótese de um emprego no fim de um período de indigno trabalho gratuito. Como é evidente, esta dramática situação vai-se alargando de mansinho e numa espécie de tsunami vai esmagando novos grupos sociais e famílias.
É um desastre. Grave e dramático é que as pessoas são "obrigadas" a aceitar. Os mercados sabem disso, as pessoas são activos descartáveis.
Ter como preocupação quase exclusiva o abaixamento dos custos do trabalho através do aumento da carga horária, da precariedade e do abaixamento de salários não será a forma mais eficaz de combater o desemprego, promover desenvolvimento e criação de riqueza.
Parece razoavelmente claro que a proletarização da economia e o empobrecimento das famílias não poderão ser a base para o desenvolvimento e promoção de coesão social.

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