Felizmente, a terra por aqui no monte está carregada de água, não dá para fazer qualquer trabalho. No entanto, como sempre dizia o Mestre Zé Marrafa que continua a resistir, mas numa situação que não merecia, num monte só temos não alguma coisa que fazer se não quisermos. É verdade Mestre Zé, mas hoje não dá mesmo, amanhã já farei a voltinha dos espargos, mas hoje foi só andar.
É que a minha cervical ganhou há
dois dias uns acréscimos metálicos e, para não estar parado, coisa que estando
na rua não me é fácil, dei umas voltas, sempre por cima da erva canária à beira
dos caminhos para evitar o barro nas botas.
E se o monte está bonito assim
cheio de água, com as cores bem vivas!
Às tantas, fiquei a olhar para uma
roupa que tínhamos estendida numa corda entre duas oliveiras. Pode parecer assim um
bocadinho estranho, mas gosto de ver um estendal numa casa no meio do campo. É uma
prova de vida, um sinal de humanidade. Por coincidência, quando passei pelo lado de cima do monte
também reparei que se via roupa a secar no monte que está mais perto do nosso.
Mais um sinal de vida, são casas habitadas, com gente, com fumo a sair das
chaminés à noite e nestes dias frios, cabaneiros.
Às tantas, certamente para me fazer
sentir melhor, veio acompanhar-me uma das gatas residentes aqui no monte e
caminhou à minha beira algum tempo. Trocámos umas palavras por umas miadelas e
concordámos, sabe bem passear no monte. Somos amigos, algum comer a troco de
alguns ratos caçados e da guarda quando não estamos.
Bom, agora, já depois da volta e de uma sopa de catacuzes, um tempinho para esta escrita. Talvez seja um pouco estranha num tempo de nuvens negras que nos inquietam, mas não podemos desistir. Trata-se de agradecer as graças que a vida ainda nos dá.
E são assim os dias do Alentejo.
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