Numa peça do Público li que, de acordo com a presidente da associação CAIS, o número de pessoas sem-abrigo está a aumentar particularmente entre a população migrante.
Apesar do trabalho desenvolvido
no âmbito da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de
Sem Abrigo 2025-2030 aprovada em Março e já objecto de revisão conforme referiu
Henrique Jardim o seu gestor.
Apesar de ter aumentado o número
de pessoas retiradas dessa condição, parece também ter aumentado o número
global de pessoas sem-abrigo.
Os dados mais recentes, de 2022,
confirmam esse aumento e registam a existência de 10.700 pessoas na condição de
sem-abrigo. O Alentejo, a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve são as
regiões em que se verificam proporções mais elevadas de pessoas nessa situação.
Considerando a experiência de
Henrique Joaquim e a sua própria avaliação dos recursos e vontades disponíveis
quero acreditar num processo com alguns resultados. A ver vamos.
No entanto, parece-me que não
devemos esquecer que continua a ser muito grande o mundo dos sem-abrigo. São
muitos, demasiados, os sem-abrigo do mundo.
São muitos, os sem-abrigo num
porto que os acolha, uma casa, uma família, um espaço a que dêem vida e que
lhes apoie a vida.
São muitos, os sem-abrigo, mesmo com
família ou em instituições.
São muitos, os sem-abrigo no
afecto, nos afectos, sem um coração que os abrigue.
São muitos os sem-abrigo em
escolas onde não cabem.
São muitos, os sem-abrigo em
mundos que não são seus. São muitos, os sem-abrigo em culturas que não entendem
e que não querem entendê-los.
São muitos, os sem-abrigo num
corpo que seja aconchego para o seu corpo.
São muitos, os sem-abrigo em
valores que cada vez mais predominante e que não os reconhecem.
São muitos, os sem-abrigo em
vidas que lhes não pertencem, mas carregam. São muitos, os sem-abrigo no aceder
e no gostar das coisas de que a vida também se tece.
Muitos destes sem abrigo vivem à
nossa beira, sem-abrigo, não contabilizados, nem contabilizáveis.
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