sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A NÃO ENTREVISTA À MINISTRA

A entrevista da Ministra da Educação na RTP esta noite foi um bom exemplo do mau jornalismo no que respeita a matérias específicas. A Dra. Judite Sousa que me parece boa jornalista e entrevistadora em matérias generalistas, mas obviamente desconhecedora do universo da educação, transformou os títulos da opinião publicada e os soundbytes do Dr. Portas, o Paulo, em perguntas à Ministra. Naturalmente que os soundbytes e a opinião publicada, na maioria das vezes, correspondem mais aos interesses da política mesquinha do Portugal dos pequeninos que à análise séria da política educativa numa perspectiva de defesa da qualidade da educação. Mas a quase inexistência de jornalismo especializado leva a isto mesmo.
Assim, a Ministra esteve bem na fácil desmontagem da ignorância e demagogia populista do tipo “não acha que se deve demitir?” ou “ficou incomodada com o Procurador-geral da República?”, e nós ficámos sem ouvir a Ministra sobre aspectos como, a qualidade na formação de professores, os potenciais efeitos da avaliação dos professores e das mudanças no seu Estatuto bem como o entendimento do Provedor de Justiça sobre injustiças contempladas, as mudanças nos apoios educativos que, com os critérios de elegibilidade definidos pelo Ministério, deixam sem apoio milhares de alunos, como incrementar o envolvimento e participação dos pais na vida da escola com um quadro normativo e uma organização do trabalho pouco facilitadores, a gestão dos agrupamentos/escolas, etc, etc. ou seja, o essencial.

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