O meu compridíssimo dia de 3ª feira quase sempre inviabiliza a passagem por este espaço. Mas cá estamos. Na 2ª feira o Público titulava, “Os brinquedos mais procurados são os que as crianças viram nos ecrãs”. Claro. O Natal está aí e, portanto, está aberta a época de caça. A publicidade nos “ecrãs” vai direccionar-se em força para os putos estimulando o consumo a que os pais dificilmente resistem. Será ingénuo pensar que quem produz e promove produtos para crianças e quem gere os “ecrãs”, assuma uma preocupação com o equilíbrio entre o natural interesse dos putos por brinquedos e a natural vontade dos pais de proporcionarem prendas aos filhos, sobretudo numa época, o Natal, que está transformada num centro comercial decorado a vermelho e com barbas e num tempo em que cada vez mais “só se é o que se tem” e “ter mais é ser mais”. No entanto, acredito que podemos fazer alguma coisa junto dos pais e dos putos para tentar atenuar os efeitos deste cenário. As escolas poderiam ter um trabalho interessante debatendo com os miúdos, de todas as idades e de forma adequada, o papel da publicidade nas escolhas e nos gostos deles promovendo uma atitude mais consciente e crítica destes processos. Poderia também ser interessante conversar com os pais sobre o papel dos “presentes” nas relações familiares, isto é, mais prendas não é igual a gostar mais, sobre o papel da publicidade e a forma de lidar com a pressão desencadeada pelos filhos depois de verem “os ecrãs”. Pode não ser claro, mas a minha ideia não é estragar o Natal, é ter um Natal por medida em vez de um Natal pronto a consumir.
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