As recentes afirmações de Saramago sobre a possibilidade de Portugal se “diluir” na Espanha originando uma Ibéria, ideia que ciclicamente emerge, têm motivado um coro de protestos oriundos de vários quadrantes. Estranhamente, muitas das vozes que se incomodaram com tal perspectiva, não parecem preocupadas com eventuais riscos de perda de soberania implicados no Tratado Europeu em construção. Não se lhes conhece inquietação com o facto de muitas das decisões que nos dizem respeito serem tomadas pelos burocratas de Bruxelas indiferentes às especificidades nacionais. Também não se lhes conhece reacção sobre a presença esmagadora de empresas estrangeiras, muitas delas espanholas, em variadíssimos mercados, desde o imobiliário em Lisboa até à agricultura no perímetro do Alqueva. Não se lhes conhece preocupação com a colonização cultural que nos empobrece ou ainda com a pressão normalizadora que nos indiferencia à pala de uma tal globalização.
Estou em crer que Saramago apenas se lembrou, com a “inimputabilidade” dos velhos senadores, a afirmar que o “rei vai nu”, isto é, muita gente pensa nisso mas não se deve dizer.
Estou em crer que Saramago apenas se lembrou, com a “inimputabilidade” dos velhos senadores, a afirmar que o “rei vai nu”, isto é, muita gente pensa nisso mas não se deve dizer.
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