domingo, 8 de abril de 2007

O DOMÉSTICO ENSINO - a minha mãe é a minha professora e é o meu mundo

O Público de hoje, num trabalho de Isabel Leiria, aborda a questão do ensino doméstico, ou seja, a situação de crianças que por opção familiar cumprem a sua escolaridade em casa. De acordo com a peça apresentada, o número de famílias a subscrever esta escolha tem vindo a aumentar, contando-se cerca de 60 na região de Lisboa, únicos dados fornecidos. Este movimento radica, de início, numa recusa/reserva das famílias relativamente aos conteúdos curriculares centralizados e massificados gerados pela escolaridade obrigatória e universal, atitude frequentemente associada a convicções religiosas e, posteriormente, nas questões de indisciplina e comportamentos inadequados que as famílias associam à escola actual.

Não me pronuncio sobre as implicações do ensino doméstico em termos de processo educativo nem discuto a legitimidade das opções familiares. No entanto, subscrevo genericamente as considerações de Paula Cristina do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho também referidas no jornal.

O que me faz reflectir, e inquieta, é o que parece significar este tipo de opções. Senão vejam.

Não se desloque às livrarias - encomende via net;
Não se desloque para comprar discos – encomende via net;
Não vá ao cinema – compre o DVD
Não vá a concertos – veja o DVD
Compre casa num condomínio fechado com espaço de convívio!!, sala e campo e jogos, piscina, etc.
Não se desloque às compras – encomende via net;
Não vá ao banco – tem o homebanking;
Não saia para trabalhar – está aí o tele-trabalho;
Não saia para estudar – tem e-learning:
Não saia para conversa e convívio – tem a conversa na net, aliás com várias opções;
Não saia para … - a televisão traz.

SE A GENTE NÃO SAI… QUE CAMINHO É O NOSSO? VAMOS JUNTOS OU FECHADOS?
(Foto de Alina Sousa)

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