quarta-feira, 13 de abril de 2016

OS CUSTOS DA SAÚDE MENTAL

Um Estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado na The Lancet Psychiatry e hoje citado no DN avalia o impacto económico dos problemas do universo da saúde mental e o retorno económico dos investimentos no seu tratamento.
Assim, conclui o estudo, um euro investido no tratamento da depressão e ansiedade tem um retorno de quatro euros em saúde e capacidade de trabalho. É muito significativo.
Em Portugal esta matéria assume ainda contornos mais pesados pois é reconhecida a alta prevalência de problemas de saúde mental e ainda mais evidente o fortíssimo consumo de psicofármacos por parte dos portugueses.
Recordo que o Relatório Portugal – Saúde Mental em Números 2014, na linha dos dados dos últimos anos, evidenciava o peso fortíssimo que as patologias no âmbito da saúde mental têm no âmbito da designada carga global de doença.
Estima-se que as perturbações do foro psiquiátrico afectem mais de um quinto dos portugueses, 22.9%, umas das taxas mais altas da Europa. O Relatório sublinha a inexistência de respostas ajustadas, equipas comunitárias de saúde mental por exemplo, o que potencia o recurso aos fármacos mesmo em situações não recomendáveis clinicamente. Este recurso excessivo à medicação torna-nos num dos maiores consumidores de psicofármacos com custo económicos brutais.
Se atentarmos no relatório "Portugal Saúde Mental em Números 2013", só 16,2% das pessoas com perturbações mentais ligeiras e 33,8% das que sofrem de perturbações moderadas recebem tratamento em Portugal.
São também referidas no Relatório a de 2014 as dificuldades de resposta em saúde mental para crianças e adolescentes levando, por exemplo, a que em muitas situações os internamentos neste grupo etário ocorram em serviços vocacionados para adultos algo que, evidentemente, não deveria acontecer.
Num cenário de retracção dos investimentos nas políticas de saúde que tantas vezes referi no Atenta Inquietude, a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde.
Este cenário, fica agora comprovado, torna-nos todos mais pobres e menos saudáveis. É uma opção política, como sempre.

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