sexta-feira, 19 de abril de 2013

SOMOS PARCEIROS. Tu suportas riscos, custos e prejuízos, eu recebo os lucros

O Governo anunciou a intenção de promover um corte permanente de 300 milhões de euros por ano com as PPPs rodoviárias. É um passo importante mas claramente aquém do que neste universo deveria ser feito e que certamente minimizaria a brutal consequência da austeridade na vida de muita gente empurrada para o desemprego, pobreza e desprotecção social.
Na verdade, a generosidade do Estado assumida pelos sucessivos Governos é extraordinária. Numa espécie de variante do Estado Social em modo “Só p’ra amigos”, o estabelecimento de parcerias entre as instituições públicas e instituições privadas, as PPPs, tem sido uma excelente forma de distribuir riqueza.
Para além dos mais conhecidos sectores das obras públicas, estruturas rodoviárias sobretudo, e da saúde, o universo das concessões na gestão das águas em diversos municípios tem sido notícia nos últimos dias. Do que vai sendo conhecido resulta invariavelmente uma péssimo negócio para o estado, para os contribuintes, e um muito bom negócio para os concessionários.
Para termos uma ideia sobre a ordem de valores envolvidos, números de 2011 da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças sobre as famosas Parcerias Público Privado, referiam que os encargos líquidos do estado, dos contribuintes, ascendiam a qualquer coisa como 15,1 mil milhões de euros, uma ninharia que representou 8,8 % do PIB previsto para 2012.
As PPPs em modo português, de uma forma geral, são uma estranha e assimétrica parceria, um parceiro assume os encargos e os riscos e o outro parceiro recebe os lucros.
O que parece mais embaraçoso é que esta assimetria inaceitável entre quem se assume como “parceiro” tem vindo a ser sucessivamente denunciada mesmo de dentro do estado. Apesar disso, sucessivos governos têm apostado de forma despudorada, irresponsável e delinquente do ponto de vista ético, para ser simpático, no estabelecimento e fortalecimento ou manutenção destas Parcerias assentes em contratos jurídicos estabelecidos basicamente à medida dos interesses privados de empresas e grupos “amigos”, constituindo-se, assim,  como verdadeiros brindes à custa do erário público e dando um enorme contributo para a situação financeira que actualmente vivemos.
Mais grave, é ter-se continuado a assistir à defesa destes comportamentos, à impunidade dos responsáveis e ao aumento dos custos que esta ruinosa e irresponsável política envolve.
E não acontece nada de significativo, tal como agora se anuncia.
É o Portugal dos Pequeninos.

1 comentário:

não sei quem sou... disse...

Perdi a minha ingenuídade política à cerca de duas décadas. A minha experiência de vida neste Portugal de politicozinhos de pacotilha leva-ma a intuir que o pagador final desta factura vai ser o massacrado utente das PPPs.

No caso da saúde, que é o mais sensível e humanitário. prevejo que vai ser um descalabro nos serviços prestados.

Vamos ver...


VIVA!


VIVA!