terça-feira, 23 de abril de 2013

O MAL E A CARAMUNHA

O Presidente da Comissão Europeia, lê-se no I, "fez ontem um Bruxelas um discurso inflamado na defesa dos povos do Sul e reconheceu que a austeridade imposta pela Comissão Europeia tem limites". Mais se lê que o Dr. Barroso se mostrou indignado pelos efeitos e pressupostos das políticas que a Comissão que lidera impôs aos países em dificuldades e que são determinadas pelos patrões, perdão, pelos países que na verdade lideram a Europa, os do Norte e que, frequentemente produzem discursos insultuosos sobre os pobres, indigentes e preguiçosos do sul.
O carismático e poderoso Dr. Barroso que preside justamente à Comissão Europeia com o benepláctido dos países que critica, já em Dezembro de 2012 tinha "criticado" os Governos europeus que não se revelavam disponíveis para apoiar políticas sociais e de combate à pobreza. Obviamente que não referia quais eram esses insensíveis Governos, eles podiam não gostar e zangar-se. E viu-se o resultado da intervenção do Dr. Barroso.
Acontece que o Dr. Barroso precisa dos Governos desses países para se manter lá no alto da inofensiva presidência da Comissão, pelo que de vez em quando faz um discurso "indignado",  expressa as suas enormes preocupações com os descamisados mas, simultaneamente e até porque não pode mais do que isso, convida os “tais” Governos a reflectir o que eles, naturalmente, farão, estão a reflectir nos seus interesses e, por exemplo, ajudam, “generosa e desinteressadamente” os países em mais dificuldades.
A vida de muita gente é um exercício de sobrevivência diário de que se não vislumbra alteração significativa, antes pelo contrário.
Quanto mais não fosse por respeito ou até mesmo por questões ambientais, muitos destes “líderes”, também caseiros, poderiam poupar-nos a estes exercícios hipócritas de preocupação e afirmação de rumos que, sabem muito bem, não são, nem vão ser os rumos dos directórios políticos, económicos e sociais.
Como o povo costuma dizer, fazem o mal e a caramunha. Estamos pobres mas não somos parvos. Ou será que somos?

Sem comentários: