sábado, 13 de abril de 2013

E QUE TAL EXPERIMENTAR EM E-LEARNING?

No mesmo sentido do texto do Paulo Guinote no Público que pretende ajudar o Ministro Nuno Crato a distinguir entre o essencial e o acessório em matéria de educação, acrescento umas breves notas que me parecem poder contribuir para as decisões do Ministro.
O MEC deve incrementar o uso dos exames, o mais ajustado seria que se realizassem todos os anos de forma a garantir que eficazmente se identificassem todos os alunos que por qualquer razão não devem continuar a estudar não conseguindo cumprir os milhares de descritores contidos nas metas de aprendizagem que em nome do rigor e da qualidade estão muito bem definidas e justificadas.
Estes alunos seriam naturalmente canalizados, o mais cedo possível, para programas de formação profissional em modo alemão. Esta parte do sistema seria completamente financiada pelas empresas que teriam a possibilidade de recrutar mão-de-obra barata e com qualificação. Este trajecto vai ao encontro dos desejos e planos de alguns gurus que influenciam a política de proletarização da economia que está em curso.
Se mesmo assim ainda ficar nas escolas algum aluno com dificuldades poderiam estruturar-se turmas só para essa gente que atrapalha quem quer progredir e que seriam atribuídas a assistentes operacionais pois não seria de gastar dinheiro com tão ruins defuntos, permitindo reduzir ainda mais o número de professores, uma subclasse da administração pública muito chata e desagradável que passa o tempo a protestar não passando de uma malandragem que não quer trabalhar.
Assim, creio que estaríamos no bom caminho para construir um sistema educativo bem mais tranquilo, promovendo-se a saída de professores e alunos das escolas, ficando apenas os alunos muito bons e o menor número possível de professores transformando cada escola num espécie de paraíso.
Criado este cenário, a tranquilidade de uma escola só com os melhores alunos poderemos ainda dar o salto final para a verdadeira economia de custos e a cereja em cima do bolo da política contabilística, perdão, da política educativa, montar um sistema de e-learning para o qual bastaria meia dúzia de professores por área disciplinar, mais uns mediadores por escola, poucos, que os alunos são bons, e construir um sistema perfeito, certamente eficaz, certamente mais barato, certamente mais tranquilo.
Mais a sério, a tentativa do Paulo Guinote dificilmente será bem-sucedida pois, lamentavelmente, já não me parece possível alterar os conteúdos essenciais de uma Política Educativa que tem vindo a perder a sua condição, já não é educativa, é um exercício de contabilidade aplicado ao universo da educação.

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