domingo, 10 de março de 2013

SAÚDE MENTAL, PARENTE POBRE DAS POLÍTICAS DE SAÚDE

De acordo com os técnicos que intervêm neste universo, a saúde mental, é perceptível um abaixamento da presença das pessoas nas consultas e no seu recurso à medicação que, apesar de não existirem dados objectivos, parece preocupante e com consequências importantes no plano clínico e terapêutico.
A questão da saúde mental é uma matéria complexa. Em Portugal temos um dos mais elevados níveis de consumo de psicofármacos da Europa e diferentes estudos sugerem que um em cada cinco portugueses pode ter alguma forma de perturbação do foro da doença mental, sendo que a perturbação da ansiedade parece ser a mais prevalente. Por outro lado, muitos especialistas têm vindo a alertar para o acréscimo de casos de perturbação da saúde mental associados a situações sociais graves em que muitas pessoas estão envolvidas no âmbito da crise profunda que atravessamos, designadamente em casos de desemprego e insuficiência de recursos que sustentem a vida e, mais importante, a dignidade. Aliás, temos recorrentes notícias de suicídios de pessoas ligadas a sectores particularmente afectados, como a restauração ou a construção civil, conforme o DN de hoje refere.
Por outro lado, também de acordo com os especialistas, a falta de meios e recursos transforma o Plano Nacional de Saúde Mental num enunciado bem intencionado, mas inconsequente e desajustado às necessidades.
A doença mental é algo que, obviamente, não constitui, nunca constituiu, uma preocupação significativa em matéria de saúde em Portugal.
Eu gostava de ser optimista e acreditar que esta fundamental área dos cuidados de saúde fosse objecto de reflexão e protegida, mas a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde.
A situação não é, pois, particularmente animadora, quando a pobreza das pessoas aumenta e a pobreza dos meios e recursos também aumenta, o quadro é ainda mais grave.

1 comentário:

Unknown disse...

Completamente pobre... diria mesmo mendiga.
Então nesta altura de crise, em que deveria ter mais capacidades de resposta ao sofrimento das pessoas.
Deixo um post que fiz a propósito: http://reflexoesdeumpsiquiatra.com/2013/06/13/crise-e-saude-mental/