quarta-feira, 13 de março de 2013

EE=ES Exclusão Escolar é igual a Exclusão Social

Foram hoje apresentados os dados de um trabalho coordenado pelo Professor David Justino, Atlas do Abandono e do Insucesso Escolar em Portugal. De acordo com o Atlas, que merece leitura atenta, podemos sublinhar a passagem da taxa de abandono escolar entre 1991 e 2011, até ao 9º ano, de 12.6% para 1.7% o que é obviamente significativo embora, naturalmente, nos exija atenção o número de alunos que ainda abandona.
No entanto, se considerarmos a idade dos 18 aos 24 que contempla  a actual escolaridade obrigatória a taxa de abandono passou de 63,7% para 27.1% o que sendo uma redução de saudar ainda mostra o número excessivamente elevado de alunos que abandonam o trajecto escolar  sem qualificação adquirida.
Em termos europeus, a média de abandono escolar precoce ronda, segundo dados da Comissão Europeia, os 13.5% estando fixado para 2020 o valor de 10% que parece difícil de atingir no nosso sistema educativo.
Como muitas vezes afirmo, o abandono escolar é frequentemente a primeira etapa da exclusão social. Nesta perspectiva, o combate ao abandono deve, tem de, ser um eixo central na política educativa. A eficácia nesta tentativa de baixar os níveis de abandono passa por apoio oportuno a dificuldades detectadas e, necessariamente, pela diversificação dos percursos de educação e formação, o que habitualmente se designa por oferta educativa.
Deve sublinhar-se que têm sido realizados progressos bastante significativos na diversificação desta oferta embora, muitas vezes, as alternativas disponibilizadas sejam percebidas pelos alunos e pelas famílias como “formação de segunda”. Importa perceber o que nesta matéria vai acontecer com a política de mega-agrupamentos com impacto na oferta educativa. Por outro lado, algumas escolas têm práticas que alimentam esta percepção da "formação de segunda" , na medida em que canalizam preferencialmente os “maus alunos” para formação “alternativa”.
Na verdade, o que é absolutamente central é que os jovens ao sair do sistema, teremos de ter como baliza que não abandonarão antes dos 18 anos pois encontram-se até aqui em período de escolaridade obrigatória, se encontrem equipados com qualificação profissional, quer ao nível do ensino secundário, quer ao nível do ensino superior que com o trabalho no âmbito do ensino politécnico tem condições para processos de qualificação mais curtos e mais diversificados.
Acontece que, o meu ponto de vista, algumas das medidas da PEC - Política Educativa em Curso, designadamente, a constituição de mega-agrupamentos, aumento do número de alunos por turma, centração excessiva em exames normalizados e nos resultados, constrangimentos nos dispositivos de apoio a alunos com dificuldades escolares, entre outros aspectos, não me parecem a melhor forma de combater os maus resultados escolares, a principal causa do abandono escolar precoce e que associados a outros factores potenciam a taxa que apresentamos.
Continuo a insistir que é bastante mais caro lidar com as consequências, muito diversificadas e algumas bem graves, do abandono e do insucesso escolar, do que prevenir e apoiar dificuldades.
Os gestores da 5 de Outubro, bons em matemática, deveriam conhecer a fórmula, DE+(-P)+(-Ap)=AE e AE=ES, ou seja, Dificuldades Escolares com menos Professores e menos Apoios, produzirá Abandono Escolar que é igual a Exclusão Social.

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