quinta-feira, 21 de março de 2013

QUANTO MENOS GANHARES MAIS RICO E FELIZ SERÁS. ACREDITA

O Presidente da República, desta vez sem ser através do Facebook, voltou a afirmar que “a precariedade e, por esta via, a manutenção de salários baixos não é a solução para os problemas da economia portuguesa, sobretudo quando serve para colmatar insuficiências de liderança, lacunas organizativas ou falta de inovação”. Aliás, há poucas semanas Cavaco Silva também tinha afirmado, “Não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia”.
Vale pena registar este entendimento apesar do pouco impacto que a "magistratura de influência" do Presidente parece ter na acção dos feitores que nos administram em nome dos mercados.
Estas declarações contrapõem-se a discursos inaceitável e insultuosos como o mais recente de Belmiro, “se não for a mão-de-obra barata, não há emprego para ninguém", ou o produzido há semanas pelo abutre António Borges, companheiro de estrada e de filiação partidária de Cavaco Silva, "o ideal era que os salários descessem".
Este é também, como é sabido o ideário de Passos Coelho e que se torna difícil de entender quando se destina a um país com perto de três milhões de pessoas em risco de pobreza e em 7 em cada dez famílias se sentem financeiramente vulneráveis e apenas 4 % das famílias sente "segurança financeira" conforme estudo hoje divulgado pelo Jornal de Negócios.
Parece razoavelmente claro que a proletarização da economia como defendem o abutre Borges ou o "patrão" Belmiro não poderá ser a base para o desenvolvimento económico, mas sim o investimento e a disponibilização de crédito a custos razoáveis, sobretudo para as pequenas e médias empresas que de forma mais ágil criam emprego e emprego qualificado que não pode ter a indignidade dos salários que conhecemos.
De facto, basta atentar na situação de outros países, o nosso desenvolvimento e crescimento não irá nunca assentar no empobrecimento de quem trabalha, pagando menos por mais tempo de trabalho e, muito menos, na tolerância a situações de chantagem em que as pessoas, para manter o emprego e assegurar um mínimo para a sobrevivência, se sentem obrigadas a aceitar situações degradantes e humilhantes que configuram uma nova escravatura. Esta situação afecta tanto a mão de obra menos diferenciada, o trabalho em limpeza por exemplo em que se "oferecem" 2 € por hora, como a mão de obra mais especializada com a "oferta" do salário mínimo ou nem isso a gente com formação superior como é recorrentemente noticiado.
Eu sei que os tempos vão de maneira a que muitas pessoas preferem umas migalhas, custe o que custar, ao desemprego, mas não podemos aceitar que vale tudo na forma mais selvagem de funcionamento dos mercados.
Apesar da afirmação do Presidente da República, há mesmo quem pense que os baixos salários, que não o seu evidentemente, são algo de positivo e promotor de desenvolvimento. Desde que não seja os seus porque esses são totalmente merecidos e como diz Eduardo Catroga, correspondem a um valor de mercado.
Os outros, a maioria, obviamente, não têm valor de mercado, nem chegam a ser pessoas, são activos descartáveis.

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