quarta-feira, 14 de novembro de 2012

UM GRUPO DE ALUNOS EM BELÉM. Uma notícia improvável

Um grupo de cinco alunos dos ensinos básico e secundário foi recebido em Belém pelo Presidente da República. O mesmo grupo já se tinha deslocado a S. Bento e  ao Parlamento para  encontros com o Primeiro-ministro e com os líderes parlamentares.
À saída de Belém estes alunos deram uma curta conferência de imprensa onde expuseram os motivos destas audiências.
Em síntese, expressaram a sua preocupação com os alunos mais novos, antes da entrada na escola, que sentem, sobretudo nos centros urbanos, alguma dificuldade em encontrar instituições educativas com capacidade para os receber e a preços acessíveis para pais com menores vencimentos. Muitos deles, afirmou um dos elemento do grupo, vêem-se obrigados a recorrer a oferta clandestina sem qualidade.
Manifestaram também a sua preocupação com o número excessivo de alunos por turma o que, em muitas escolas, compromete seriamente a qualidade do trabalho que têm de realizar e as dificuldades que os professores sentem para que o ensino seja eficaz.
Um dos pontos levantados prende-se com a quantidade de horas que muitos alunos, sobretudo nos dois primeiros ciclos, passam nas escolas, alguns atingem as 10 horas e até mais, de presença na escola com o risco sério de desenvolvimento de doenças profissionais e sentem uma enorme dificuldade em conciliar a vida escolar com a vida familiar e com os tempos livres, algo que consideram essencial para o seu bem-estar.
Apresentaram também às diferentes entidades a necessidade imperiosa de se perceber que em cada vez mais circunstâncias muitos alunos são obrigados, depois de um logo dia de trabalho, a desenvolver formas de apoio aos seus pais atingidos pela crise, vítimas de desemprego, por exemplo, de forma a minimizar o impacto familiar dessa grave situação. Em muitas famílias esta situação é inquietante.
Reforçaram de forma muito veemente a sua extrema preocupação com um número muito significativo de colegas que passam por graves situações de carência, incluindo carências alimentares, que leva que alguns tenham como única refeição quente a que é fornecida pelas cantinas escolares.
Ainda no que respeita à escola, este grupo de alunos referiu também a necessidade da urgente revisão dos apoios sociais e escolares no sentido de que as escolas tenham os recursos e os meios necessários ao apoio às dificuldades escolares que alguns alunos apresentam. A ausência destes apoios poderá facilitar o abandono e o insucesso escolar que conduzem à exclusão social, alertou um dos alunos do grupo.
Numa última referência exprimiram ainda sua inquietação com a forma como muitos dos seus colegas com necessidades especiais são acolhidos nas escolas, sem recurso e apoios suficientes, comprometendo o seu direito à educação e a sua participação na vida da comunidade educativa.
A terminar, o grupo de alunos afirmou a sua determinação em desenvolver formas de luta que possam levar as lideranças do país a considerar de forma séria e empenhada os problemas  que colocaram e que consideram de extrema importância para o seu futuro, o futuro do país, disseram.

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