terça-feira, 6 de novembro de 2012

SEM CASA E SEM SONO

É extraordinariamente difícil e requer uma infinita dose de optimismo ou negação da realidade, fugir ao olhar sobre os tempos que atravessamos e as suas implicações. Qualquer que seja o ângulo pelo qual olhemos o que nos rodeia, é quase impossível não sentir um sobressalto. Da imprensa de hoje, dois desses olhares merecem reflexão.
No JN lê-se que de acordo com um vereador da Câmara de Coimbra, na lista de espera para habitação social se encontram pessoas com licenciatura, mestrado e mesmo doutoramento.  É um dado absolutamente extraordinário. Todos os estudos e dados estatísticos sustentam a fortíssima relação entre qualificação e nível de bem-estar e qualidade de vida. Nós conseguimos um verdadeiro milagre, criamos a mais qualificada geração de desempregados da nossa história, criamos a mais qualificada geração de emigrantes da nossa história e conseguimos ainda, pelos vistos, criar a mais qualificada geração de candidatos a habitação social. Há aqui qualquer coisa de trágico e estranho.
No I e segundo dados de um estudo internacional realizado pela seguradora Zurich, o sono dos portugueses anda perturbado pelo crise e o desemprego ou ameaça de desemprego, o cuidar dos filhos e a economia familiar.
Na verdade, é mesmo difícil encontrar algum motivo de optimismo, tudo nos tira a vida e também o sono, resta-nos o quê?

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