sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A HISTÓRIA DO ARRANJA MOINHOS

Aqui no Meu Alentejo a gozar do aconchego da salamandra que já apetece nestas noites que começam a ficar frias, o pensamento escorregou, é difícil evitá-lo, para a situação complicada que vivemos. De repente, lembrei-me do meu pai, homem que partiu há quase quarenta anos.
Uma das muitas razões pelas quais o meu pai foi meu pai, foi pelo facto de contar imensas histórias, quase sempre criadas no momento. Não tínhamos televisão, líamos algumas obras que ele trazia da biblioteca dos operários do Arsenal do Alfeite onde era serralheiro, ouvíamos alguma rádio, mas lembro-me sobretudo das histórias, todos os dias inventadas.
A memória destas histórias acendeu-se porque, em quase todas, entrava um personagem que dava pelo nome de Arranja Moinhos, não me perguntem porquê mas era esse o nome que o meu pai lhe dava e o meu fazia sempre as coisas bem feitas. Era fantástico o “Arranja Moinhos”, sempre que a história entrava numa fase mais complicada, fosse qual fosse a situação ou as dificuldades que os personagens enfrentassem, lá aparecia o Arranja Moinhos que tudo resolvia, tudo tratava e a história, claro, acabava bem, para descanso dos fascinados ouvidores eu, o meu primo e, às vezes, mais um ou outro miúdo da vizinhança. Era certo, de vez quando lá tínhamos outra aventura do Arranja Moinhos, complicada e cheia de problemas, mas em que ele genial e cheio de saberes dava sempre a volta e se saía a contento.
Pensei como agora, nesta história tão complicada que estamos a viver, dava jeito aparecer o Arranja Moinhos. Tenho a certeza que ele havia de encontrar uma maneira de nos ajudar a sair dela. O meu pai dizia que ele era capaz de resolver tudo.
E eu, eu continuo a acreditar no meu pai.

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