segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ENTRE A ESCOLA E A EMPRESA

O Ministro Nuno Crato insiste na importação do chamado "sistema dual" de ensino em vigor na Alemanha como instrumento eficaz de combate ao desemprego jovem e ao abandono e insucesso escolares.
Afirmo repetidamente que é fundamental a diferenciação de percurso educativos para os nossos alunos para que, no limite e em situação ideal, todos acedessem a alguma forma de qualificação profissional, mais longa ou mais curta, a melhor forma de desenvolvimento as pessoas e das comunidades.
No entanto, talvez seja de recordar, já aqui o expressei, que o modelo alemão agora descoberto pelo Ministro Nuno Crato tem sido visto com sérias reservas por instituições como a OCDE e a UNESCO pois a via profissional precoce mantém a desigualdade social e é dificilmente reversível.
A título de exemplo, pode citar-se, de acordo com o Relatório "Education at a Glance 2012" da OCDE, que a Alemanha é um dos três países, entre os integrantes da OCDE, em que a percentagem de jovens dos 25 aos 34 anos que atinge um nível de habilitação inferior ao dos seus pais é superior à percentagem dos que ficam com um nível de qualificação acima do dos pais, ou seja a mobilidade superior não funciona. Uma consequência disso é a necessidade conhecida da Alemanha vir recrutar fora, por exemplo em Portugal, gente com qualificação superior por insuficiência no mercado interno.
Num país como Portugal este modelo pode ter um potencial efeito negativo mais significativo que o verificado na Alemanha.
Insisto assim na necessidade de criar oferta formativa diferenciada, mas não tão cedo na vida dos alunos e não privilegiando, implícita ou explicitamente, os alunos com insucesso que naturalmente, os estudos provam-no, são sobretudo oriundos de famílias menos qualificadas o que, obviamente, compromete a mobilidade social e a equidade de oportunidades.  Os alunos mais novos que experimentam dificuldades escolares, precisam de apoio escolar e não de vias profissionais.

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