sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A HISTÓRIA DO INCOMPREENDIDO

Era uma vez um homem, chamava-se Incompreendido, um nome assim um bocado estranho. Tratava-se de um indivíduo que se achava mais conhecedor sobre qualquer matéria que a generalidade das pessoas, mas quase ninguém parecia compreender a imensidade do seu saber.
As suas decisões sobre o que quer que fosse, eram, obviamente, as mais acertadas. Estranhamente, havia pessoas que não compreendiam a excelência do seu julgamento. As suas opiniões eram, naturalmente, as opiniões que se deveriam ter em conta. No entanto, algumas pessoas não compreendiam tamanha competência. Estas circunstâncias levavam a que o Incompreendido, ao verificar a inexplicável falta de compreensão revelada por muita gente, se sentisse, claro, mais incompreendido.
Assim, muitas vezes se exasperava com as pessoas que não o compreendiam, manifestava o seu enorme desagrado com isso tornando-se ainda mais insistente no seu comportamento de incompreendido e injustiçado na sua imensa sabedoria, competência e visão.
A partir de certa altura, devagarinho, as vozes dos que não compreendiam foram-se calando, por cansaço, habituação ou desistência. Finalmente, chegou um dia em que o Incompreendido não teve quem não parecesse compreendê-lo na sua inatingível condição. Quando olhou à sua volta, percebeu e descansou. As pessoas estavam exactamente iguais a si, pareciam fotocópias perfeitas.
Nessa noite, pela primeira vez desde há muito, adormeceu com um pensamento tranquilo e num mundo perfeito, “agora compreendem-me”.

1 comentário:

José Lamelas disse...

Posso, roubar o texto? vou colocar em incompreendido.wordpress.com

vou manter o creditos como é obvio.

Se não quiser a divulgação, por favor diga. Cumprimentos