Ontem o DN noticiava que desde 2013
que não se verificava um número tão elevado de professores a aposentar-se. Este
ano passara à situação de aposentado 3981 docentes o ano com mais desde 2013,
sendo que em Dezembro se registaram 506 pedidos.
É certo que não é um problema
exclusivo do nosso sistema educativo, mas como tantas vezes tem sido afirmado,
este cenário estava estudado e previsto há já alguns anos, mas as políticas
públicas negligentes ou incompetentes seguidas de há uns anos para cá
contribuem para o actual quadro. Embora haja quem assobie para o ar, não esquecemos
os discursos sobre “professores a mais”, as sugestões para emigrar dirigidas a
docentes em início de carreira, como também não esquecemos tempos severo de
desvalorização dos professores em termos sociais, modelo de carreira e salarial
com impacto fortíssimo na atractividade da carreira por gente jovem que a
rejuvenescesse e alimentasse.
Aliás, as políticas seguidas em
matéria de educação também contribuíram para o cansaço e mal-estar, desencanto
e desejo de abandono da profissão que se foi instalando em muitos docentes.
A propósito, relembro que, há já
uns anos largos, uma professora, na altura minha aluna de doutoramento, me
perguntava, com um ar meio sério, meio a brincar, se podia desenvolver a sua
tese a partir de uma questão que considerava a mais ouvida nas salas de
professores, quando no meio da burocracia e das actividades ainda havia tempo
para passar na sala de professores, “quanto tempo é que te falta?”. A sua ideia
não foi para a frente enquanto doutoramento, mas o que lhe está subjacente é
bem claro e bem preocupante. O resultado está à vista.
Na verdade, ser professor é uma
das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é
seguramente uma das mais difíceis e que mais valorização nas diferentes
dimensões e apoio deveria merecer. Do seu trabalho competente e valorizado
depende o nosso futuro, (quase) tudo passa pela educação e pela escola.
Qual é parte que não se percebe?
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