No Público encontra-se uma peça sobre o perigo que alguns brinquedos podem representar para as crianças.
É frequente nesta época surgirem
estes alertas a que importa dar atenção.
Não tenho dados recentes, mas em
2020 o Sistema Europeu de Alerta Rápido para os Produtos Não Alimentares
identificou 916 brinquedos diferentes que são vendidos nos países da UE e com a
indicação de conformidade que podem ser perigosos, seja pela toxicidade dos
materiais seja pelo tipo de construção ou dimensão das peças.
Também em 2020, a Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica apreendeu cerca de 1120 brinquedos por questões
de rotulagem e segurança.
É verdade que existem riscos em
alguns brinquedos tal como a Associação para a Promoção da Segurança Infantil e
a DECO já têm referido alertando para o facto de que tal estar no brinquedo o
símbolo CE não é suficiente como garantia de segurança. A DECO tem também
alertado para o risco da compra de brinquedos através da net.
Neste cenário, tanto como o
trabalho das instituições, importa sublinhar o papel dos pais como os
"verdadeiros inspectores" da segurança dos brinquedos. No entanto,
parece-me, como sempre, necessário usar de algum bom senso e evitar excessos de
zelo que também não são positivos, ainda que em matéria de segurança infantil o
excesso seja melhor que o defeito.
Esta referência à segurança nos
brinquedos é importante e oportuna, estamos em pleno espírito natalício, o
tempo dos brinquedos, mas gostava de reforçar o facto de continuarmos a ser um
dos países da Europa com taxa elevada de acidentes domésticos envolvendo
crianças, de que as quedas de janelas ou varandas, os afogamentos ou o contacto
com materiais perigosos não devidamente acondicionados, são apenas exemplos
tragicamente frequentes.
O que me parece importante
registar é que num tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da
criança estão sempre presentes e muitas vezes e em múltiplos aspectos com
comportamentos de excessiva protecção, em que é recorrente a referência aos
perigos dos brinquedos, também se verifica um número altíssimo de acidentes o
que parece paradoxal.
Por um lado, protegemos as
crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva face às suas
necessidades de autonomia e desenvolvimento e, por outro lado e em muitas
circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e
facilitadores de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não vale a pena pensar que só
acontece aos outros.
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