Estamos num tempo em que os discursos se atropelam, toda a gente tem algo a dizer e cansam tantas palavras.
E cansam não porque me pareçam palavras
a mais, mas porque existe comunicação de menos, ou seja, o que a vida pública
mais tem para nos mostrar é discursos sem interlocutor. Cada um dos actores ou
protagonistas fala para algo ou alguém de indefinido e parece pouco disponível
para o essencial, utilizar as palavras como suporte da comunicação e dos
entendimentos, não estou a dizer concordâncias. As pessoas estão cansadas de
retóricas palavrosas, inconsequentes e centradas nos interesses dos aparelhos
partidários ou das elites económicas. Como dizia, parece-me que, de facto,
temos palavras a mais e comunicação a menos.
Por outro lado, paradoxalmente,
também creio que faltam palavras. Faltam palavras de solidariedade genuína para
quem, vítima da crise que a especulação económica e modelos de desenvolvimento
não centrados nas pessoas, vive momentos de enormes dificuldades num atentado
diário à dignidade e com o quotidiano transformado na preocupação com a
sobrevivência e a falta de uma palavra de esperança.
Como canta Paco Ibañez.
Las palabras entonces no sirven,
son palabras...
Siento esta noche heridas de
muerte las palabras
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