Um aluno de seis anos de uma escola do Ensino Básico da zona
norte apresenta um comportamento descrito como de agressividade que já obrigou
à suspensão das aulas. Ao que a imprensa refere professores e funcionários
entraram em pânico e as aulas foram suspensas. A notícia não refere se foi um
episódio ou se se trata de uma situação recorrente embora se refiram
"ataques de fúria". A mãe afirma que a criança é hiperactiva e que
está medicada sentindo-se revoltada com o tratamento dado à situação do filho.
Sinto sempre alguma perplexidade com este tipo de
situações e recordo um caso em 2010 de
uma criança de quatro anos que foi expulsa de um Atelier de Tempos Livres
também por razões de comportamento considerado agressivo.
Sou o primeiro a reconhecer que, por vezes, as crianças
apresentam comportamentos com os quais nós adultos, pais, professores e
técnicos temos alguma dificuldade em lidar. Sei também que em algumas dessas situações
a intervenção pode ser complicada.
No entanto, estamos a falar de uma criança de seis anos,
aparentemente em sofrimento grave, com uma alteração substantiva do
comportamento, uma mãe perdida e revoltada e a resposta que temos é suspender
as aulas. É pouco, muito pouco.
Esta criança que parece criar sérios riscos para colegas e
adultos está, desde logo, a correr um sério risco ela própria. É neste sentido
que temos de fazer mais e melhor, com ela com a família e com a escola.
É por questões desta natureza, lamentavelmente, que
verificamos como a ausência de respostas pode ser perturbadora e ameaçadora,
para o miúdo e para toda a gente, ele ainda só tem seis anos. Que vai acontecer
no seu caminho? Que vai acontecer naquela escola? Que vai acontecer naquela
família?
Temos a obrigação ética de fazer, como disse, mais e melhor.
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