sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A INDIGNIDADE DA FOME

De acordo com um estudo de 2012 da Direcção-Geral da Saúde no sentido de avaliar o impacto da crise na vida das famílias, perto de três em cada dez pessoas inquiridas afirmaram ter deixado de consumir algum alimento considerado essencial por dificuldades económicas.
Recordo também um trabalho da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome em que quase 40% dos participantes num inquérito confessaram ter passado um dia sem comer por falta de dinheiro e mais de metade disseram que o rendimento familiar “nunca é suficiente para viver”".
Este tipo de informação constitui um fortíssimo murro no estômago na maioria de nós e na consciência ética, se existisse, de gente como o Secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Adjunto da Troika, o geniozinho Carlos Moedas que há tempos afirmou que as pessoas “só acabam com os maus hábitos quando enfrentam choques”, para exemplificar o que está a ser feito na economia portuguesa.
A pobreza e a exclusão com consequências tão graves como a fome deveriam envergonhar-nos a todos, a começar por quem lidera, representam o maior falhanço das sociedades actuais.
É verdade que a questão da pobreza é um terreno que se presta a discursos fáceis de natureza populista e ou demagógica, sem dúvida. Mas também não tenho dúvidas de que os problemas gravíssimos de pobreza que perto de três milhões de portugueses conhecem, exigem uma recentração de prioridades e políticas que não se vislumbra. Na verdade, apesar da retórica oficial de que existe justiça social nas medidas de austeridade, o que é verdadeiramente insustentável é que as políticas assumidas, por escolha de quem decide, por cá e noutras paragens, estão a aumentar as assimetrias sociais, a produzir mais exclusão e pobreza.
Mais preocupante é a insensibilidade da persistência neste caminho.

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