terça-feira, 1 de novembro de 2011

A HISTÓRIA DO RAPAZ QUE PARECIA ADULTO

Um dia destes lá na escola numa roda de gente, professores, comentava-se o comportamento do Zé Francisco que nem parecia, diziam, um rapaz deste tempo.
Várias das pessoas referiam-se ao Zé Francisco com expressões altamente elogiosas.
É tão responsável, parece mais adulto. Há muitos, bem mais velhos que não revelam a responsabilidade que ele mostra.
Nunca vi nele o menor deslize no comportamento, é extraordinário, com os alunos que normalmente temos.
Sempre com tudo super-organizado, trabalhos em dia e com excelentes resultados.
É verdade que os pais são muito exigentes com ele, mas hoje em dia em que tudo se facilita é importante ser-se exigente.
Uma coisa que acho fantástica no Zé Francisco é a sua permanente disponibilidade para ajudar, quer colegas, quer adultos. Para qualquer coisa está disposto a colaborar sempre com aquele ar compenetrado e eficaz.
Para além de tudo, sempre com boas notas, muito atento.
Às tantas, a Professora Joana, reparou no ar e no silêncio do Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, e interpelou-o.
Então Velho, estás muito calado, que achas do Zé Francisco, também o conheces bem, ele vai imensas vezes à biblioteca?
Sim, conheço-o bem, acho eu. É por isso que me parece que devemos estar atentos. Fico sempre um pouco receoso quando vejo miúdos que crescem depressa de mais, chegam muito cedo a adultos. Ele só tem 11 anos mas não age, em nada, como um miúdo da sua idade. E tem sido assim desde mais novo. Todos os tempos têm os seus disparates e todos os disparates têm o seu tempo. Pode acontecer que um dia o Zé Francisco vá à procura, queira conhecer todos os disparates que não fez. Mas nessa altura estará fora do tempo e pode dar-se mal. Esperemos que não, mas acho melhor quando os miúdos são miúdos e às vezes fingem de adultos e quando os adultos são adultos e às vezes brinquem como os miúdos.

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