sexta-feira, 5 de junho de 2009

UM HOMEM CHAMADO ALGUÉM

Era uma vez um homem chamado Alguém. Estava velho e uma noite, só, deu por si a reconstituir o que tinha sido a sua já longa vida. Teve uma infância tranquila e com gozo, tanto quanto se lembrava. Tinha umas memórias das brincadeiras com os amigos e da professora dos primeiros anos.
A juventude do Alguém passou-se com as aventuras, dúvidas e conquistas próprias de gente a crescer. O Alguém ainda se lembra com ternura da primeira namorada e de um inesquecível beijo trocado atrás da árvore grande que havia no átrio da escola. Tinha um grupo de amigos com quem descobriu o primeiro cigarro e a primeira cerveja. Frequentou a universidade num tempo de mudanças nas quais o Alguém se envolveu seriamente tendo sido, aliás, dirigente da Associação de Estudantes. Essa experiência, pensou ele, foi um bom contributo para a sua bem sucedida carreira profissional na direcção de uma organização de razoável dimensão.
O Alguém teve também uma família que se pode considerar feliz, uma mulher companheira, filhos com trajectos pessoais e profissionais bem encaminhados e dois netos que lhe pediam muito e a quem ele dava tudo.
No entanto, para além de todos estes aspectos e mais importante que qualquer deles, havia algo que o fazia considerar-se uma pessoa feliz e realizada, cumpriu o sonho que começou a construir em criança, ser Alguém.

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