O início de um ano lectivo deveria ser a ocasião de regresso à escola para a grande maioria de professores, funcionários, técnicos e alunos, para além, naturalmente do retorno das rotinas familiares relativas à frequência escolar. Para um infelizmente pequeno número de alunos e professores, será, por assim dizer, a sua estreia” que deveria decorrer apenas com a “ansiedade” de uma estreia.
Lamentavelmente, assim não
acontece. A serenidade é um bem de primeira necessidade no trabalho educativo.
No entanto, continua a ser um bem escasso.
É tempo demais sem que nada mude
substancialmente.
Da gestão das políticas públicas
espera-se, exige-se, as decisões que criam as condições de serenidade e
normalidade do trabalho de alunos e professores.
Sabemos que ensinar e aprender
têm sobressaltos, são naturais nestes processos. No entanto, o que nos
preocupa, não parecem ser esses sobressaltos esperados.
Estamos num mundo às avessas.
O que temos são decisões ou falta
delas que alimentam problemas e pouco impacto têm nas soluções. Sabemos que
muitos problemas não são de fácil ou imediata resolução, cresceram de mais por
negligência ou incompetência, mas importa definição de um rumo consistente e
sustentado.
O que temos é uma carga de
burocracia que promove ineficiência e desgaste sem que o retorno justifique
minimamente o esforço e o tempo despendidos.
O que temos em muitas escolas são
climas institucionais pouco amigáveis para o trabalho educativo da comunidade escolar.
O que temos em muitas escola e
agrupamentos são problemas sérios de governança que alimentam mal-estar e
cansaço dos profissionais.
O que temos, aliás, não temos,
são professores suficientes para as exigências e necessidades da população
discente.
O que temos são discursos
patéticos, ardilosos, que “martelam” a realidade desconsiderando o conhecimento
e a experiência que tanta gente possui.
O que temos são fingimentos de
“soluções” que, mais uma vez, alimentam os problemas.
Não, não está tudo mal, nem vai
correr tudo mal.
Os professores, na sua esmagadora
maioria vão “dar o litro” sustentados no seu sentido ético, deontológico e
competência. Os alunos vão tentar, na sua maioria, fazer o melhor possível e,
felizmente, serão bem-sucedidos, esperando que sucesso corresponda, de facto, a
aquisição de conhecimentos e competências.
No entanto, a realidade não
poderá ser esta, a que vivemos, mesmo que do MECI venham retratos mais
simpáticos.
Daí este meu cansaço e desabafo.
E … vai correr bem. Ou não.
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