Para além da situação crítica relativa à falta de docentes que, entretanto, e sem estranheza, já origina uma guerra de números entre a anterior e a actual equipa do Ministério, têm sido conhecidas algumas medidas ou intenções que em termos de princípio me parecem no sentido certo ainda que com alguns aspectos a carecer de ajustamento, caso das provas de MoDa que substituem as provas de aferição e “não contam para nada” o que julgo de alterar.
Dessas medidas destaco os apoios
a alunos migrantes com ajustamento na disciplina Português Língua Não Materna, tutorias
pedagógicas de natureza preventiva para alunos em início de escolaridade ou o
reforço do combate ao abandono escolar precoce. Ainda uma referência ao
terminar do projecto MAIA e da sua pesada carga burocrática e o anúncio da
promoção da análise da velocidade de leitura dos alunos dos primeiros anos.
Estas medidas de que se espera
mais conhecimento levantam uma pequeníssima dúvida, de que forma e com que
recursos, professores e técnicos, serão operacionalizadas? O
recurso a profissionais aposentados ou, pelo contrário, em formação, não é uma
opção sustentável.
Por outro lado, julgo que se
torna indispensável caminhar no sentido de diminuir a burocracia asfixiante que
obriga as escolas, professores e directores, a uma espécie de "agitação
improdutiva" consumindo esforço e recursos que, basicamente, apenas
alimenta o cansaço e a ineficácia promovendo mais problemas que contributos
para soluções.
A experiência mostrará certamente
o impacto que medidas neste sentido terão na realidade escolar, mas qualquer
passo no sentido de devolver tempo e tranquilidade aos professores e de
economizar processos será positivo.
O quotidiano das escolas, dos
professores está mergulhado numa complexa teia de procedimentos, situações,
medidas, iniciativas, designações, acções, preenchimentos, actividades,
relatórios, grelhas, indicadores, etc., na qual se enredam os processos educativos,
a essência do trabalho que envolve alunos, professore e técnicos.
A esta dimensão do trabalho das
escolas e agrupamentos acresce a gama sem fim de Planos, Projectos, Programas,
Iniciativas, as combinações são múltiplas, destinados a tudo e mais alguma
coisa, certamente relevantes e, sobretudo, inovadores.
Assim, em linha com o que por
aqui já por aqui tenho sugerido, desejado, que alguma vez e de forma bem
vincada, a tutela estabeleça a simplificação como orientação central nas
diferentes dimensões das políticas públicas de educação.
Seria desejável e necessário que
o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os dispositivos em
utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem como preocupação
a simplificação, professores, técnicos, alunos e famílias ganhariam. Esta
simplificação deve incluir a avaliação e registos. Seria positivo que, tanto
quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” e a carga burocrática a
que habitualmente escolas e professores estão sujeitos e que agora parece ser
objecto de “emagrecimento”.
Como é evidente, este apelo à
simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade
educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes
pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos,
professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm de
realizar e estão a realizar.
Sempre que falo desta questão
recordo-me do Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com
significado nacional, quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o
ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples,
é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito
mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos
esta via de mais simplificação. As circunstâncias já são suficientemente
complicadas.
Como por aqui se diz, deixem lá
ver.
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