quinta-feira, 13 de julho de 2017

OS RECANTOS QUE AMEDRONTAM

A propósito da intenção da Câmara de Lisboa tornar a cidade mais segura para as mulheres, o Público colocava em título “Câmara quer combater os recantos de Lisboa que amedrontam as mulheres”
Achei este título verdadeiramente inspirador.
Por que não também uma campanha no sentido de combater os recantos que amedrontam os miúdos. É claro que esta campanha deveria ser desenvolvida em todas as comunidades e envolvendo todos os contextos de vida dos mais novos incluindo, naturalmente, a família e a escola.
E na verdade são múltiplos os recantos que podem tornar-se ameaçadores mesmos recantos que deveriam ser portos de abrigo, aconchego e bem-estar.
Apesar de ter uma enorme confiança na resiliência e capacidades dos mais novos e na competência e empenho dos mais velhos, técnicos ou pais, pelas mais variadas razões alguns recantos ficam mesmo ameaçadores e não têm que o ser. Deixem-me partilhar alguns exemplos.
Os recantos da aprendizagem podem ser tão encantatórios e mágicos como ameaçadores e com caminhos cheios de obstáculos por vezes inultrapassáveis e deixando o futuro em risco.
Os recantos onde se abrigam expectativas de pais ou profissionais que por serem demasiado baixas ou demasiado elevadas produzem mal-estar e insucesso
Os recantos para onde são canalizados miúdos por alguém entender que não podem ou devem andar nos caminhos onde todos andam.
Os recantos que onde está um futuro que não conhecem sem que percebam muito bem o caminho que lá leva.
Os recantos onde se sentem abandonados mesmo dentro de famílias.
Os recantos onde se trancam, ecrãs por exemplo, com medo do que está fora do ecrã ou do recanto
Os recantos onde recebem tratos que não compreendem e que lhes produzem mal-estar.
Vários outros recantos podem amedrontar os miúdos e talvez possamos minimizar a sua existência e o seu impacto.
Felizmente existem tantos outros recantos onde sentem bem.
É assim a vida da gente.

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