quinta-feira, 27 de julho de 2017

À CONSIDERAÇÃO SUPERIOR

Paulo Santiago, Chefe da Divisão de conselho e implementação de políticas educativas da OCDE, tem um texto no Observador que merece leitura e reflexão atenta. Identifica de forma simples mas bem sustentada quatro princípios orientadores na promoção da qualidade na educação e educação para todos, ou seja, capaz de acomodar a diversidade dos alunos.
No meu tempo de administração pública era habitual que qualquer texto ou proposta a enviar para as estruturas de decisão se iniciasse com a fórmula “À consideração superior”.
É o que julgo que este texto merece.
À consideração superior ficam alguns excertos.
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Primeiro, é vantajoso investir cedo, em particular na educação pré-escolar. Existe sólida evidência científica que demonstra que crianças que são expostas a estímulos cognitivos mais cedo que outras tendem a adquirir, com mais facilidade, competências e conhecimentos ao longo da vida. Os efeitos substanciais e duradouros da educação pré-escolar nos resultados escolares são particularmente elevados para crianças desfavorecidas, cujo ambiente familiar nem sempre ajuda ao desenvolvimento das competências de base necessárias para singrar na escola.
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Segundo, um objectivo importante do financiamento educativo nos primeiros anos de escolaridade (ensino básico) é limitar as lacunas de aprendizagem dos alunos com dificuldades. Remediar mais tarde é caro e ineficiente, seja através de reforço na aprendizagem (aulas suplementares, explicações), da retenção escolar (que é dispendiosa e ineficaz), ou de uma oferta educativa excessivamente diversificada no secundário como ajuste a uma distribuição mais ampla do desempenho dos alunos.
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Terceiro, na fase pós-ensino básico, importa investir num sistema educativo inclusivo. Isto traduz-se na garantia de uma oferta educativa abrangente para acomodar a diversidade de competências, interesses e ambições dos alunos recém-chegados ao ensino secundário. Assim se asseguram oportunidades válidas para todos e se reduz o enorme custo do abandono escolar precoce.
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Quarto, dar certa liberdade de decisão aos actores locais (escolas, directores, professores) pode melhorar a utilização dos recursos educativos por via do seu melhor conhecimento das suas necessidades específicas. Por exemplo, a escola conhece melhor o perfil de professores mais adequado ao seu projecto educativo, está melhor colocada para configurar as turmas (por exemplo definir o seu tamanho consoante os grupos) ou para desenvolver estratégias para remediar o atraso na aprendizagem de certos alunos.

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