quarta-feira, 21 de março de 2012

ESPELHO MEU

Era uma vez um miúdo, o Sem Nome, tinha uns treze anos e a vida não lhe era leve, era mesmo uma vida bastante pesada.
Em casa, sobravam os destratos e faltavam os aconchegos e os afectos. O Sem Nome era, diziam, a causa dos problemas. Ele não percebia muito bem quais e porquê.
Na escola, toda a gente lhe dizia que não sabia, não era capaz, não iria a lado nenhum, que era incompetente, que não tinha jeito para nada e coisas assim.
Um dia, ao passar num sítio viu a sua imagem reflectida.
Quando reparou bem na imagem que tinha à sua frente, não pensou duas vezes, pegou furiosamente em quantas pedras encontrou e atirava, atirava, até já não ouvir o som de estilhaços.
O Sem Nome afastou-se, devagar, triste e aliviado.
A sua escola não ficou com um único vidro inteiro.

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