domingo, 4 de março de 2012

PARA OS POBRES A MORTE CHEGA MAIS CEDO. Atracção fatal

O Professor Michael Marmot esteve em Portugal e apresentou os resultados dos estudos que tem vindo a desenvolver no domínio da ligação entre desenvolvimento económico e educativo, saúde, crescimento e esperança de vida. Os trabalhos são conhecidos e os resultados referem-se não só a realidades muito contrastadas, países europeus e africanos, mas também a diferenças significativas existentes, por exemplo em Inglaterra ou na Suécia, nas implicações dos níveis de desenvolvimento, designadamente no que respeita ao nível escolar, nas condições de saúde e esperança de vida dos cidadãos.
Os resultados não são surpreendentes, estão encontrados há muito tempo em diferentes estudos, incluindo os do próprio Marmot. Parece também de sublinhar que a questão de melhor nível de vida se liga não só a recursos económicos mas, sobretudo, a recursos educacionais, nível de informação, acessibilidade a apoios, etc.
Julgo de sublinhar duas questões que parecem fundamentais e que nem sempre me parecem suficientemente valorizadas. Em primeiro lugar há que considerar a importância decisiva que em todas as dimensões da vida das pessoas assumem a qualificação e a informação. Melhores níveis de formação promovem melhor qualidade nos estilos de vida. Não existe qualificação e informação a mais.
Em segundo lugar, quando tanto se fala no estado social, nos limites desse estado, a privatização de serviços, por exemplo na educação e na saúde, é fundamental perceber e entender que a comunidade tem sempre a responsabilidade ética de garantir a acessibilidade de toda a gente aos cuidados básicos de saúde e educação. Os tempos que atravessamos criando obstáculos ao acesso aos serviços de saúde são ameaçadores. Aliás, especialistas em saúde pública alertava para a relação entre as circunstâncias difíceis que atravessamos e o aumento atípico de óbitos nas últimas semanas atingindo sobretudo idosos e não explicados unicamente pela gripe ou pelo frio. Parece ainda de recordar que, não tendo nós Invernos particularmente rigorosos, comparando com outros países europeus, somos dos que mais óbitos registamos no tempo frio.
Como afirma Michael Marmot, todas as políticas podem ser avaliadas pelos seus impactos na saúde. Talvez a ideia do "custe o que custar" seja de repensar.

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