terça-feira, 10 de agosto de 2010

A MORTE MATADA DA ESCOLA QUE VIAJA COM OS MIÚDOS

Há algum tempo atrás, numa tentativa de redenção face a uma postura habitualmente crítica de boa parte do que tem sido a política educativa nos últimos anos, tive oportunidade de me referi a uma boa experiência, o Programa Escola Móvel que tem possibilitado que crianças e adolescentes pertencentes a famílias cuja actividade profissional obrigue a deslocações constantes, caso de feirantes e trabalhadores em artes circenses, possam acompanhar a escola através do apoio de professores via net. Na altura sublinhei que os testemunhos ouvidos registaram o agrado dos miúdos e a taxa de sucesso verificada permitia que se considerasse uma experiência de sucesso, cerca de 93%. Salientei na altura a oportunidade no âmbito do programa para que as crianças e adolescentes envolvidas se encontrassem durante algumas semanas por ano numa boa experiência de contacto presencial também registada com satisfação por alunos e professores.
Mas nada parece resistir à deriva decisória do ME. Hoje é notícia no Público a decisão de acabar com esta cara experiência sugerindo alternativas que só podem fazer rir de tristeza quem conheça o funcionamento do sistema educativo. Em educação, sendo certo que importa o controlo dos custos, os benefícios não podem ser todos contabilizados em euros. O ME tem milhões de euros desperdiçados em estruturas e procedimentos burocratizados que são, esses sim onerosos, inúteis e, portanto, sem qualquer retorno.
É certo que os alunos envolvidos e as respectivas famílias não representarão uma franja eleitoralmente significativa mas é uma questão de equidade e ética.
Significativa é a cegueira irresponsável e indiferente das decisões que se repercutem negativamente na vida dos miúdos e que são tomadas sem um sobressalto.

2 comentários:

Ana Isabel Falé disse...

Obrigada pelas suas palavras.
Sou professora da Escola Móvel há 3 anos consecutivos e não compreendo como um projecto que passou a escola, porque se soube organizar como tal, mantendo níveis de sucesso bastante satisfatórios, funcionando como inovação, integrando jovens em vias de exclusão do sistema, com um elevado capital de recursos educativos multimedia (produzidos pelos professores), não compreendo, dizia, como se desfaz uma comunidade educativa coesa, com sentido de identidade e de pertença, a um mês do início do novo ano lectivo, já preparado...

Obrigada pelo destaque e pelas suas amáveis palavras.

Zé Morgado disse...

Não tem que agradecer, é uma questão de cidadania