sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A ESCOLA MÓVEL É UMA REFERÊNCIA, AS ESCOLAS DE REFERÊNCIA NÃO

Há algum tempo atrás, numa tentativa de redenção face a uma postura bastante crítica do que tem sido a política educativa nos últimos anos tive oportunidade de me referi a uma boa experiência, o Programa Escola Móvel que tem possibilitado que crianças e adolescentes pertencentes a famílias cuja actividade profissional obrigue a deslocações constantes, caso de feirantes e trabalhadores em artes circenses, possam acompanhar a escola através do apoio de professores via net. Na altura sublinhei que os testemunhos ouvidos registaram o agrado dos miúdos e a taxa de sucesso verificada permitia que se considerasse uma experiência de sucesso, cerca de 93%. Salientei na altura a oportunidade no âmbito do programa para as crianças e adolescentes envolvidas se encontrassem durante algumas semanas por ano numa boa experiência contacto presencial também registada com satisfação por alunos e professores.
Mas nada parece resistir à deriva do ME. A decisão de acabar com esta "cara" experiência bem sucedida sugerindo alternativas que só podem fazer rir de tristeza quem conheça o funcionamento do sistema educativo. Com efeito, conhecendo-se o que tem sido em muitas circunstâncias nos apoios a alunos com necessidades educativas especiais a eficácia desta "descoberta" provinciana das "escolas de referência" é de temer que, apesar dos esforços que professores, alunos e pais, a "solução" apresentada possa, lamentavelmente, constituir-se como mais uma referência negativa no que têm sido muitas das decisões em matéria de política educativa.
Em educação, sendo certo que importa o controlo dos custos, os benefícios não podem ser todos contabilizados em euros. O ME tem milhões de euros desperdiçados em estruturas e procedimentos burocratizados que são, esses sim onerosos, inúteis e, portanto, sem qualquer retorno.
É certo que os alunos envolvidos e as respectivas famílias não representarão uma franja eleitoralmente significativa mas é uma questão de equidade e ética.
Significativa é a cegueira irresponsável e indiferente das decisões que se repercutem negativamente na vida dos miúdos e que são tomadas sem um sobressalto.

1 comentário:

Yris disse...

Ainda bem que alguem entende o que se esta a passar com estas crianças porque se ate aqui era dificil agora vai se tornar impossivel.
escolas de referencia?
Não se esqueçam que estamos em Portugal as escolas nao têm estruturas para acolher estas crianças e nao se esqueçam que as crianças itinerantes nao param o ano inteiro de circular pelo pais.

Soledad alverca