quarta-feira, 14 de outubro de 2009

OS RICOS MENDIGOS

Pode parecer estranha a formulação, mas uma das questões que me inquieta no que respeita à vida dos mais novos, é a situação de miúdos e adolescentes que, vivendo em situações de aparente conforto e bem-estar, acabam por se transformar em mendigos.
Existem muitos miúdos e adolescentes que têm imensos brinquedos, diria demais, e não têm com quem brincar. Pedem, por isso, companheiros de brincadeira.
Existem miúdos e jovens com muitos brinquedos e com pouco tempo para brincar. Pedem, por isso, tempo para brincar
Existem miúdos e jovens cheios de ferramentas de comunicação mas com poucas pessoas com quem, verdadeiramente, comuniquem. Pedem, por isso, gente com quem falar, mesmo.
Existem muitos miúdos e jovens com pais sem tempo para ser pais. Pedem, por isso, um tempinho para eles. Não tem que ser muito, só tem que ser para eles.
Existem muitos miúdos e jovens que se sentem mal, a aprender e a ser. Pedem, por isso, atenção. Pedir atenção não é o problema, é o sintoma.
Existem muitos miúdos que inventam personagens nas quais se escondem. Pedem, por isso, ajuda para os medos que os inquietam.
Existem muitos miúdos e jovens que são tratados como gente adulta. Pedem, por isso, que as pessoas não se esqueçam de que eles são miúdos e jovens.
A verdade é que, de facto, há mais gente a mendigar do que pensamos.

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