Zé, a que velocidade é que lês?
Não sei, pai.
Vamos ficar a saber.
O IAVE vai promover uma prova a
realizar pelos alunos do 2.º ano designada por Diagnóstico da Fluência Leitora.
Decorrerá de 9 a 20 de Junho em todas as escolas do 1.º ciclo, públicas e
privadas, em colaboração com a Rede de Bibliotecas Escolares.
Pretende-se avaliar a fluência da
leitura dos alunos do 2.º ano O objectivo é avaliar a fluência da leitura dos
alunos do 2.º ano.
Ao que se lê na imprensa os alunos
disporão de um minuto para ler um número mínimo de palavras e a avaliação
estará focada na velocidade e precisão.
Dada a importância da leitura na
globalidade das aprendizagens, os resultados permitirão, afirma-se, ajustar
estratégias para o 3.º ano.
Costumo dizer que no fim de quase
cinco décadas a trabalhar no mundo da educação, mais os anos de estudante,
poucas coisas me surpreendem, mas senhores, uma prova de velocidade da leitura?!!!
É óbvia a importância e o impacto
da leitura no conjunto das aprendizagens, mas avaliar a competência de leitura
na rapidez de leitura de palavras é pouco e esquece dimensões essenciais como
compreensão e prosódia.
Quantas vezes, pesar de sermos leitores
competentes e experientes precisamos de diminuir o ritmo de leitura para tornar
mais sólida a compreensão do que estamos a ler. Por outro lado, a experiência
diz-nos que ler mais devagar pode prejudicar num teste de velocidade e não
significar menor competência de leitura.
Quem acompanha o escrevo e
afirmo, sabe que os dispositivos de avaliação na sua diferente tipologia,
formativa, sumativa, diagnóstica, interna ou externa, são ferramentas
imprescindíveis a processos educativos de qualidade.
Dito isto, também é entendo que
medir muitas vezes a febre não faz com que ela baixe ainda que necessitemos de
saber se existe febre e tratá-la, esta sim a grande questão, como melhorar os
resultados e com que recursos.
Insisto, a qualidade promove-se,
é certo, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, naturalmente,
mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de
currículos e metodologias adequadas, com a estruturação de dispositivos de
apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de
políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e
modelos adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição
de objectivos de curto e médio prazo, etc.,
Gostava que não lessem este texto
de forma demasiado rápida para que possa ficar mais claro o que pretendi
reflectir.
Sem comentários:
Enviar um comentário