sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A QUE VELOCIDADE LÊS?

 Zé, a que velocidade é que lês?

Não sei, pai.

Vamos ficar a saber.

O IAVE vai promover uma prova a realizar pelos alunos do 2.º ano designada por Diagnóstico da Fluência Leitora. Decorrerá de 9 a 20 de Junho em todas as escolas do 1.º ciclo, públicas e privadas, em colaboração com a Rede de Bibliotecas Escolares.

Pretende-se avaliar a fluência da leitura dos alunos do 2.º ano O objectivo é avaliar a fluência da leitura dos alunos do 2.º ano.

Ao que se lê na imprensa os alunos disporão de um minuto para ler um número mínimo de palavras e a avaliação estará focada na velocidade e precisão.

Dada a importância da leitura na globalidade das aprendizagens, os resultados permitirão, afirma-se, ajustar estratégias para o 3.º ano.

Costumo dizer que no fim de quase cinco décadas a trabalhar no mundo da educação, mais os anos de estudante, poucas coisas me surpreendem, mas senhores, uma prova de velocidade da leitura?!!!

É óbvia a importância e o impacto da leitura no conjunto das aprendizagens, mas avaliar a competência de leitura na rapidez de leitura de palavras é pouco e esquece dimensões essenciais como compreensão e prosódia.

Quantas vezes, pesar de sermos leitores competentes e experientes precisamos de diminuir o ritmo de leitura para tornar mais sólida a compreensão do que estamos a ler. Por outro lado, a experiência diz-nos que ler mais devagar pode prejudicar num teste de velocidade e não significar menor competência de leitura.

Quem acompanha o escrevo e afirmo, sabe que os dispositivos de avaliação na sua diferente tipologia, formativa, sumativa, diagnóstica, interna ou externa, são ferramentas imprescindíveis a processos educativos de qualidade.

Dito isto, também é entendo que medir muitas vezes a febre não faz com que ela baixe ainda que necessitemos de saber se existe febre e tratá-la, esta sim a grande questão, como melhorar os resultados e com que recursos.

Insisto, a qualidade promove-se, é certo, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de currículos e metodologias adequadas, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.,

Gostava que não lessem este texto de forma demasiado rápida para que possa ficar mais claro o que pretendi reflectir.


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