Li no JN há dias que a Câmara do Porto considera criar um dispositivo de guarda-nocturno em algumas áreas de três freguesias da cidade.
Esta referência aos
guardas-nocturnos deixou-me por um tempinho a passear na memória. As memórias
fazem muitas vezes companhia aos mais velhos.
Nos tempos actuais, em que a
segurança não sai da agenda, não sei avaliar sobre a justificação da sua
existência, mas acredito que pela proximidade pode ter um efeito positivo e
óbvio na segurança e, muito importante, no sentimento de segurança sentido pelo
cidadão, algo que está a ser objecto diversas e algumas também erradas
leituras. Por outro lado, também pode acontecer que seja de considerar a
própria segurança dos guardas-nocturnos. Os tempos vão ásperos.
É nesta perspectiva que me
lembrei de nos meus tempos de adolescente e jovem, mais de cinquenta anos lá
para trás no tempo, e, por assim dizer, com uma vida nocturna alargada. Quase
todas as noites eu e a minha tribo nos cruzávamos com o guarda-nocturno da
zona.
Mantínhamos uma cavaqueira que
nos punha mais próximos, aliviava o tempo e dava-nos a sensação de que na rua
andava alguém que conhecia as pessoas que lá moravam e zelava por nós.
Algumas pessoas, sobretudo
comerciantes, contribuíam com algo mais para o guarda-nocturno e essas tinham
"vigilância privilegiada". O bairro sentia-se mais tranquilo, o Sr.
Silva andava por lá, uma espécie de anjo da guarda fardado.
Como disse, mais do que saber o
impacto objectivo da presença do guarda-nocturno no abaixamento da delinquência
ou vandalismo, tenho a certeza que as pessoas vão sentir-se mais seguras se
souberem que o Sr. Silva, enquanto dormimos, anda a olhar pela nossa rua, pelo
nosso mundo.
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